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MPF ainda não decidiu se investigará Sérgio Camargo por ataque a Moïse

Pedido foi enviado há duas semanas pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão; congolês foi espancado até a morte no RJ

atualizado 27/02/2022 8:34

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Sérgio Camargo Reprodução

O Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal ainda não decidiu se vai investigar os ataques do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, ao congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte no mês passado no Rio de Janeiro. O pedido de investigação está no MPF há cerca de duas semanas e foi feito pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.

No último dia 11, o presidente da fundação cuja missão é valorizar a cultura negra afirmou, sem qualquer prova, que Moïse Kabagambe, que trabalhava no quiosque onde foi brutalmente morto, “andava e negociava com pessoas que não prestam”. Camargo também xingou o jovem negro assassinado a pauladas. A declaração foi duramente criticada internamente na cúpula da PGR e considerada cruel até por deputados bolsonaristas.

Três dias depois, o procurador federal Carlos Vilhena pediu que o MPF do DF responsabilizasse Camargo civil, criminal e administrativamente.

“Causa espécie o fato de que, antes mesmo de qualquer conclusão dos órgãos responsáveis a respeito da motivação que levou ao crime em questão, uma autoridade pública nacional afirme categoricamente, sem qualquer embasamento, que o racismo não teve qualquer relação com o fato”, escreveu Vilhena, emendando: “Agrava o desconforto o fato de a autoridade ofender a honra da vítima, referindo-se a ela como ‘vagabundo'”.

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A família do jovem relatou que ele tinha ido até o quiosque cobrar o pagamento de duas diárias atrasadas. Ele deveria receber R$ 200
A Justiça decretou a prisão cautelar de Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como “Dezenove”, Brendon Alexander Luz da Silva, o “Totta”, e Fábio Pirineus da Silva, o “Belo” pela morte do congolês
As câmeras de segurança do quiosque registraram o espancamento. Por volta das 22h25, um funcionário do quiosque, de camisa listrada verde e preta, pega um pedaço de pau e contorna o freezer amarelo, durante a discussão. Moïse, de blusa preta e bermuda vermelha, pega uma cadeira e levanta a tampa da geladeira
Em seguida, ele solta o objeto e uma vassoura
Às 22:26, Moïse tira a camisa e abre o freezer. Totta, de casaco, camisa vermelha e short preto, derruba ele no chão
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O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira (24/1), próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro

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A família do jovem relatou que ele tinha ido até o quiosque cobrar o pagamento de duas diárias atrasadas. Ele deveria receber R$ 200

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A Justiça decretou a prisão cautelar de Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como “Dezenove”, Brendon Alexander Luz da Silva, o “Totta”, e Fábio Pirineus da Silva, o “Belo” pela morte do congolês

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As câmeras de segurança do quiosque registraram o espancamento. Por volta das 22h25, um funcionário do quiosque, de camisa listrada verde e preta, pega um pedaço de pau e contorna o freezer amarelo, durante a discussão. Moïse, de blusa preta e bermuda vermelha, pega uma cadeira e levanta a tampa da geladeira

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Em seguida, ele solta o objeto e uma vassoura

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Às 22:26, Moïse tira a camisa e abre o freezer. Totta, de casaco, camisa vermelha e short preto, derruba ele no chão

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O homem é derrubado no chão e imobilizado por Totta

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Logo, Belo, de camisa amarela surge no vídeo também. Ele golpeia Moïse 14 vezes com um porrete

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O congolês tenta se desvencilhar de Totta, cujo casaco acabou arrancado na luta

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Na sequência, aparece Aleson, de regata vermelha e preta, que bate mais quatro vezes no congolês. Moïse é amarrado em seguida

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Momentos depois, ao perceber que a vítima não reagia mais, Totta faz massagem cardíaca no congolês

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Os outros homens levam gelo para ajudar. A gravação do espancamento termina às 22h54, quando os homens deixam o corpo sem vida de Moïsa no local

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