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MPF abre investigação contra Sérgio Camargo por ataques a Moïse

MPF no Distrito Federal cobrará explicações ao presidente da Palmares, Sérgio Camargo; congolês Moïse Kabagambe foi barbaramente assassinado

atualizado 16/03/2022 15:45

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sergio camargo fundação palmares em uma multidão. Todos estão de costar com exceção dele, que está de terno e gravata/ Metrópoles Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Ministério Público do Distrito Federal (MPF) do Distrito Federal abriu uma apuração contra o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, por ter atacado Moïse Kabagambe, congolês assassinado a pauladas no início do ano no Rio de Janeiro. O MPF cobrará explicações a Camargo nos próximos dias, em uma etapa inicial da investigação.

A medida atende a um pedido feito pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) em 14 de fevereiro. “Causa espécie o fato de que, antes mesmo de qualquer conclusão dos órgãos responsáveis a respeito da motivação que levou ao crime em questão, uma autoridade pública nacional afirme categoricamente, sem qualquer embasamento, que o racismo não teve qualquer relação com o fato”, escreveu o procurador federal Carlos Vilhena, solicitando que Camargo fosse responsabilizado criminal, civil e administrativamente.

Três dias antes, Sérgio Camargo afirmou, sem qualquer prova, que o jovem negro, que trabalhava no quiosque onde foi barbaramente assassinado, “andava e negociava com pessoas que não prestam”. O presidente da fundação cuja missão é valorizar a cultura negra também xingou Moïse. “Frontal contrariedade” com a finalidade desse órgão público, seguiu o procurador Carlos Vilhena.

A declaração de Sérgio Camargo foi duramente criticada internamente na cúpula da PGR e considerada cruel inclusive por deputados bolsonaristas.

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A família do jovem relatou que ele tinha ido até o quiosque cobrar o pagamento de duas diárias atrasadas. Ele deveria receber R$ 200
A Justiça decretou a prisão cautelar de Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como “Dezenove”, Brendon Alexander Luz da Silva, o “Totta”, e Fábio Pirineus da Silva, o “Belo” pela morte do congolês
As câmeras de segurança do quiosque registraram o espancamento. Por volta das 22h25, um funcionário do quiosque, de camisa listrada verde e preta, pega um pedaço de pau e contorna o freezer amarelo, durante a discussão. Moïse, de blusa preta e bermuda vermelha, pega uma cadeira e levanta a tampa da geladeira
Em seguida, ele solta o objeto e uma vassoura
Às 22:26, Moïse tira a camisa e abre o freezer. Totta, de casaco, camisa vermelha e short preto, derruba ele no chão
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O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira (24/1), próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro

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A família do jovem relatou que ele tinha ido até o quiosque cobrar o pagamento de duas diárias atrasadas. Ele deveria receber R$ 200

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A Justiça decretou a prisão cautelar de Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como “Dezenove”, Brendon Alexander Luz da Silva, o “Totta”, e Fábio Pirineus da Silva, o “Belo” pela morte do congolês

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As câmeras de segurança do quiosque registraram o espancamento. Por volta das 22h25, um funcionário do quiosque, de camisa listrada verde e preta, pega um pedaço de pau e contorna o freezer amarelo, durante a discussão. Moïse, de blusa preta e bermuda vermelha, pega uma cadeira e levanta a tampa da geladeira

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Em seguida, ele solta o objeto e uma vassoura

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Às 22:26, Moïse tira a camisa e abre o freezer. Totta, de casaco, camisa vermelha e short preto, derruba ele no chão

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O homem é derrubado no chão e imobilizado por Totta

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Logo, Belo, de camisa amarela surge no vídeo também. Ele golpeia Moïse 14 vezes com um porrete

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O congolês tenta se desvencilhar de Totta, cujo casaco acabou arrancado na luta

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Na sequência, aparece Aleson, de regata vermelha e preta, que bate mais quatro vezes no congolês. Moïse é amarrado em seguida

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Momentos depois, ao perceber que a vítima não reagia mais, Totta faz massagem cardíaca no congolês

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Os outros homens levam gelo para ajudar. A gravação do espancamento termina às 22h54, quando os homens deixam o corpo sem vida de Moïsa no local

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