Jair Bolsonaro interferiu em órgãos de investigação e colocou em risco as eleições ao ameaçar continuamente a democracia no país, apontou um relatório da Transparência Internacional Brasil publicado nesta terça-feira (20/9). A entidade avaliou “graves retrocessos” na forma como o Brasil vem cumprindo compromissos internacionais no combate à corrupção que prometeu respeitar em 2005.
A análise independente mostrou também que o Brasil pode ter mais prejuízos internacionais por causa dos retrocessos do governo Bolsonaro. A almejada entrada do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) seria uma das agendas afetadas.
“Múltiplas agências federais anticorrupção sofreram interferência do Presidente Bolsonaro e de outras esferas do governo nos últimos anos”, disse o texto, citando a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Controladoria-Geral da União. A entidade apontou omissões da PGR.
“O procurador-geral, Augusto Aras, escolhido por Bolsonaro apesar de não estar na lista votada pelos procuradores, trabalhou para proteger o presidente e seus filhos, para enfraquecer as forças-tarefas anticorrupção dentro do Ministério Público Federal e para defender os interesses do governo em múltiplas ocasiões”.
O documento mostrou preocupação ainda com os ataques sem prova de Bolsonaro às urnas. Essa postura colocou a eleição de outubro em risco, de acordo com a Transparência Internacional Brasil.
“O presidente Bolsonaro ameaça continuamente as instituições democráticas e o Estado de
Direito, contribuindo para a disseminação de desinformação e para um ambiente de desconfiança eleitoral cada vez mais intenso. As próximas eleições, em 2022, foram colocadas em risco, pois a atmosfera social e política do país vem se agravando”.
Órgãos de fora do enfrentamento clássico à corrupção também sofreram “interferência política”, seguiu o relatório, que mencionou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).