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Eduardo Bolsonaro ataca TSE e diz: “Não vou aceitar eleição fraudada”

Em entrevista a podcast, deputado Eduardo Bolsonaro ameaçou eleição e acusou TSE de "tensionar"; questionado, se contradisse e recuou

atualizado 15/07/2022 9:02

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Imagem colorida mostra deputado federal Eduardo Bolsonaro - Metrópoles Hugo Barreto/Metrópoles

O deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que não aceitará eleições fraudadas e criticou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As declarações foram dadas na última segunda-feira (11/7) durante uma entrevista para um podcast. Questionado pelo entrevistador, Eduardo recuou: disse que não sabe se a próxima eleição será fraudada e negou “pisar fora das quatro linhas”, termo usado por bolsonaristas em referência a ações fora dos limites da Constituição.

Quando foi perguntado se o governo Bolsonaro aceitaria os resultados da eleição de outubro, Eduardo Bolsonaro respondeu: “Eu não vou aceitar eleição fraudada. Você aceitaria?”. Pouco antes, na entrevista, o parlamentar havia lançado dúvidas sem provas sobre a urna eletrônica: “Meus representados não têm a segurança de que aquilo que eles digitam lá vai ser contado em Brasília de maneira apropriada”, disse, em entrevista ao podcast Talk Churras.

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A relação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com o presidente Jair Bolsonaro é, de longe, uma das mais tumultuadas do cenário político brasileiro
No capítulo mais acalorado, no último 7 de Setembro, o presidente chamou o ministro de “canalha” e ameaçou afastá-lo do cargo
O motivo? Moraes expediu ordem de busca e apreensão contra bolsonaristas e bloqueou contas bancárias de entidades suspeitas de financiar atos contra o STF
“Sai, Alexandre de Moraes, deixe de ser canalha, deixe de oprimir o povo brasileiro”, disse o presidente diante de uma multidão
Meses antes, em fevereiro, Moraes havia mandado prender o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), aliado do presidente
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Daniel Ferreira/Metrópoles
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A relação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com o presidente Jair Bolsonaro é, de longe, uma das mais tumultuadas do cenário político brasileiro

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No capítulo mais acalorado, no último 7 de Setembro, o presidente chamou o ministro de “canalha” e ameaçou afastá-lo do cargo

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O motivo? Moraes expediu ordem de busca e apreensão contra bolsonaristas e bloqueou contas bancárias de entidades suspeitas de financiar atos contra o STF

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“Sai, Alexandre de Moraes, deixe de ser canalha, deixe de oprimir o povo brasileiro”, disse o presidente diante de uma multidão

Fábio Vieira
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Meses antes, em fevereiro, Moraes havia mandado prender o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), aliado do presidente

Aline Massuca
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Moraes também é relator de inquéritos em que o presidente e vários de seus aliados aparecem como investigados

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O mais recente é o que investiga Bolsonaro por associar as vacinas contra a Covid-19 com a contração do vírus HIV, causador da aids

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O inquérito motivou o início de mais um round entre os dois

Marcelo Camargo/ Metrópoles
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“Tudo tem um limite. Eu jogo dentro das quatro linhas, e quem for jogar fora das quatro linhas não vai ter o beneplácito da lei. Se quiser jogar fora das quatro linhas, eu jogo também”, disse o presidente

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Depois que foi cobrado por provas dessa suposta fraude, Eduardo Bolsonaro titubeou. Citou boatos já desmentidos pela Justiça Eleitoral, como o de urnas registrando o número do PT automaticamente ou de que a urna não é auditável. Na quarta-feira (13/7), o Tribunal de Contas da União, órgão ligado ao Poder Legislativo, reafirmou a segurança das urnas eletrônicas.

Questionado mais uma vez sobre sua declaração de que não aceitaria “uma eleição fraudada”, entrou em contradição:

“Não, eu não falei isso. Ah, não, fraudada acho que ninguém aceitaria. E eu não estou falando que a eleição de agora será fraudada. Não tenho bola de cristal. Estou me precavendo de a Folha [Folha de S. Paulo] não botar um headline [manchete] lá e falar que eu vou causar um problema no Brasil”. E admitiu: “Não tenho como comprovar que [a eleição] foi fraudada”.

Em seguida, o entrevistador perguntou o que aconteceria se o governo não aceitasse a eleição e questionou se haveria um golpe no Brasil. Eduardo Bolsonaro tergiversou e não rechaçou um golpe: “A gente não pode trabalhar com esse exercício de futurologia. O jogo ainda está rolando”.

Então, o entrevistador indagou se seria uma tomada de poder. “Não, negativo”, disse o deputado. O anfitrião do podcast insistiu e cobrou o que seria a etapa seguinte a não aceitar o resultado eleitoral. “Mas eu não estou falando disso”, minimizou Eduardo Bolsonaro, e disse, tentando suavizar o que havia afirmado poucos minutos antes: “Só uma democracia permite que você conteste o resultado de uma eleição”, acrescentando: “Dentro de um processo eleitoral. Mas não estou falando nada de pisar fora das quatro linhas”.

Também sem apresentar provas ou justificativas, Eduardo Bolsonaro acusou o TSE de aumentar a tensão do país. “O TSE resolve tensionar as coisas. Agora eles convidaram as Forças Armadas, as Forças Armadas estão fazendo sugestões a eles, e espero que eles acatem minimamente essas sugestões”.

Convidados a integrar a comissão de transparência das eleições, os militares têm lançado dúvidas públicas sobre a urna, sem base e em linha com Jair Bolsonaro. Na quarta-feira (14/7), a 80 dias da eleição, o Ministério da Defesa sugeriu uma “votação paralela” com cédula de papel, o que será negado pela Justiça Eleitoral.

Jair Bolsonaro é investigado no TSE e no STF por ter espalhado mentiras sobre o sistema eleitoral. No mês passado, o senador Flávio Bolsonaro disse que seria impossível conter a reação de bolsonaristas ao resultado da eleição. Em entrevista ao jornalista Felipe Frazão, o filho do presidente não confirmou se Bolsonaro reconheceria uma derrota. Em 2019, Eduardo Bolsonaro defendeu um “novo AI-5” no país e depois voltou atrás.

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