A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) segue sem proteção policial, dez dias depois de reforçar o pedido à PF e à PGR. Até a última segunda-feira (27/12), funcionários da agência haviam recebido 169 e-mails com ameaças, incluindo de morte. O levantamento interno começou no dia 17, um dia depois de Jair Bolsonaro ter intimidado técnicos da agência, que havia aprovado a vacinação infantil contra a Covid.
A PF começou a investigar as ameaças enviadas a diretores da Anvisa em novembro. Na ocasião, a Anvisa já havia solicitado segurança policial. As primeiras ameaças começaram a chegar nos primeiros dias de novembro, depois que a Pfizer anunciou que pediria o aval da agência para a vacinação infantil, como já ocorria na Europa e nos Estados Unidos.
Desde a live em que Bolsonaro voltou a criticar a vacinação e ameaçou expor nomes de técnicos da Anvisa, no dia 16, a Anvisa tem recebido uma enxurrada de ameaças. O material foi encaminhado ao STF, onde tramita uma ação sobre o caso. Até o início desta semana, a agência contabilizava 169 mensagens violentas e ameaçadoras.
No último dia 19, em meio ao recrudescimento dos ataques, a agência pediu novamente à PF e à PGR proteção para seus servidores. Segundo a agência técnica, as ameaças “aumentaram a preocupação e o receio dos diretores e servidores quanto à sua integridade física e de suas famílias”. O comunicado acrescentou que os ataques “geraram evidente apreensão de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento”.
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A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnaty
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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos
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A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco
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Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil
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Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações
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De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos
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Contudo, desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a Anvisa vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de apoiadores do presidente e de grupos antivacina
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Para discutir imunização infantil, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a vacinação pediátrica teria início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatória
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Inicialmente, a intenção do governo era exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar
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De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de oito semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável
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Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacina
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Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi grave
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Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças
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Nos Estados Unidos, a imunização infantil teve início em 3 de novembro. Até o momento, mais de 5 milhões de crianças já receberam a vacina contra Covid-19. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros
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A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses do imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anos
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