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Bolsonaro demorou a demitir Ribeiro, diz líder da bancada evangélica

Sóstenes Cavalcante, que defendeu desde o início a investigação do ex-ministro, parabenizou a Polícia Federal pela prisão de Milton Ribeiro

atualizado 22/06/2022 10:41

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Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), deputado federal, discursa na tribuna do plenário da Câmara dos Deputados diante de microfone - Metrópoles Divulgação

O líder da bancada evangélica na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, considera que Jair Bolsonaro demorou a afastar o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso nesta quarta-feira (22/6) pela Polícia Federal.

À coluna, Sóstenes disse que, na sua opinião, Ribeiro deveria ter sido afastado “dois dias” depois que os escândalos vieram à tona, mas alegou que a demora de Bolsonaro para afastar o então ministro foi um “afã militar”.

“Sei que vão tentar culpar o presidente porque, naquele afã militar de lealdade aos subordinados, ele fez declarações a favor de Milton, mas quem conhece o princípio militar sabe que é lealdade. O importante é que ele agiu, mas poderia ter agido mais rápido”, disse o deputado.

Em março, Bolsonaro resistiu à ideia de afastar Ribeiro do MEC. Na época, o presidente acreditava que o episódio poderia “fortalecer” o então ministro e que exonerá-lo seria “aceitar” a existência do esquema. Bolsonaro chegou a afirmar que colocaria a “cara no fogo” por Ribeiro.

Sóstenes, que desde o início defendeu o afastamento e a investigação da atuação de Ribeiro no Ministério da Educação, comemorou a decisão da Polícia Federal de prender preventivamente o ex-ministro pelo que chamou de “pecado”.

“Não vou condenar porque não tive acesso ao inquérito, mas se a Polícia Federal prendeu é porque existem indícios fortes de alguma prática ilegal. Eu esperava que nada fosse verdade, mas, mesmo cristãos, seres humanos são passíveis de práticas ilícitas e têm que pagar, é o que está na Bíblia”.

Após a prisão, Bolsonaro também mudou de postura. O presidente agora diz que afastou Ribeiro “na hora que tinha que afastar” e que se a PF o prendeu é porque “teve um motivo”. Seu plano, entretanto, era renomear Ribeiro.

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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro
Ministério da Educação (MEC)
No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos
A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois
No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura
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Recentemente, um áudio em que Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras a pedido do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação

Reprodução/Instagram
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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro

Isac Nóbrega/PR
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Ministério da Educação (MEC)

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois

Instagram
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No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura

Igo Estrela/Metrópoles
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Pouco tempo depois, outras denúncias começaram a surgir. Dessa vez, o prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro, revelou que Arilton Moura pediu R$ 15 mil, além de compras de Bíblias, para “ajudar na construção da igreja”

Pixabay
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O prefeito de Bonfinópolis, revelou ainda que os envolvidos chegaram a oferecer abatimento de 50% na propina para liberação de verbas para escolas. Segundo ele, os valores eram fixados de acordo com o grau de proximidade. Caso fossem “conhecidos” de alguns dos pastores, o valor da propina era apresentado “com desconto”

Reprodução/Instagram
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Ministério da Educação

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Agora, a Comissão de Educação do Senado Federal ouviu prefeitos que testemunharam o suposto esquema de favorecimento e o presidente do colegiado, Marcelo Castro (MDB-PI), pediu cautela antes de defender que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

Geraldo Magela/Agência Senado
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Segundo Castro, a comissão quer “cumprir algumas etapas” antes de proceder com a defesa de uma CPI para apurar os episódios envolvendo a pasta

Geraldo Magela/Agência Senado
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Entre elas, estão a realização de oitivas com o presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, além do ministro interino da Educação, Victor Godoy Veiga, Milton Ribeiro, e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de atuar como lobistas no ministério

Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Segundo o jornal O Globo, os pastores perceberam as portas do Executivo abertas muito antes de Ribeiro assumir o MEC. Eles, na verdade, se envolveram com o governo Bolsonaro graças ao deputado João Campos (Republicanos), que é pastor da Assembleia de Deus. A partir disso, se aproximaram do atual presidente e conquistaram espaço

Reprodução

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