A possibilidade de Geraldo Alckmin se tornar vice de Lula animou uma ala do PSol que não quer ver o partido junto do PT no primeiro turno da eleição presidencial. O grupo, liderado pelo deputado federal Glauber Braga (RJ), espera criar cisões na base de apoio a Lula para lançar um candidato próprio à Presidência. Braga anunciou que gostaria de concorrer ao Planalto.
O PSol organizou um congresso em setembro para discutir os rumos do partido na eleição, mas optou por postergar a decisão para a conferência nacional que será organizada no primeiro semestre de 2022.
A corrente majoritária do PSol, da qual fazem parte o presidente da sigla, Juliano Medeiros, e o líder do movimento sem-teto, Guilherme Boulos, defende apoiar Lula desde o primeiro turno da eleição. No entanto, Medeiros e Boulos fizeram críticas nos últimos dias à aproximação do petista com Alckmin.
Se Lula oficializar a aliança com o ex-governador, os aliados de Glauber Braga esperam defecções na base construída por Medeiros e Boulos. O agrupamento Semente, que reúne correntes mais à esquerda no PSol, é um dos segmentos que rejeita Alckmin e que poderá embarcar na tese da candidatura própria. A ala liderada por Braga sustenta que terá a maioria dos votos na conferência do PSol com a adesão da Semente.
Procurado pela coluna, Braga afirmou que está viajando pelo país para defender a ideia da candidatura própria em reuniões com a militância e que há uma insatisfação crescente no PSol com a presença de Alckmin na chapa do PT.
“A construção com Alckmin não é por uma frente de esquerda e não trará um programa que priorizará a esquerda. O Alckmin é um quadro conhecido da direita brasileira e que dá sustentação a uma agenda ultraliberal. Nesse sentido, ganhou força a possibilidade de o PSol lançar uma candidatura própria no ano que vem”, declarou Braga. Ele não quis comentar as movimentações internas no partido.