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Abin monitorou alvos em áreas ricas de Brasília e do Rio de Janeiro

Localização de alvos da Abin reforça suspeita de uso político de ferramenta de geolocalização

atualizado 24/10/2023 21:08

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Policiais cumprem dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto

Com o sistema de monitoramento First Mile, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou alvos em bairros ricos do Rio de Janeiro e de Brasília durante as eleições municipais de 2020, o que reforça a suspeita da Polícia Federal (PF) de uso político e ilegal da ferramenta.

A Polícia Federal descobriu que o programa foi usado para monitorar alvos em mansões do Lago Sul, região rica de Brasília, durante a eleição de 2020. Também houve monitoramento em bairros nobres do Rio de Janeiro, como informaram os repórteres Paolla Serra , Eduardo Gonçalves e Thiago Bronzatto.

Os investigadores estão fazendo um levantamento de quem são os titulares dos celulares monitorados, mas já confirmaram que constam na lista de alvos nomes de políticos, jornalistas, advogados e até professores universitários vistos como opositores de Jair Bolsonaro.

As máquinas da Abin nas quais era usado o sistema foram formatadas, mas a PF já conseguiu restaurar um backup e descobriu que foi usado um software para apagar os dados dos monitoramentos.

Segundo integrantes da PF, em várias ocasiões, a Abin negou pedidos de acesso aos arquivos e às máquinas em que era usado o First Mile. Há uma suspeita de que a cúpula da agência tenha atuado para obstruir a investigação.

Houve 30 mil monitoramentos, mas a agência forneceu ao STF dados de apenas 1,8 mil antes das buscas. Além disso, a Abin não informou os nomes dos alvos monitorados, alegando não deter essa informação. Disse quais servidores usavam as máquinas, mas não qual usuário no sistema correspondia a cada servidor, segundo os investigadores.

Na Abin, por outro lado, a versão é de que a agência colaborou com a investigação e respondeu aos ofícios e que, portanto, não há justificativa para a busca e apreensão realizada na sexta-feira passada (20/10).

Na representação que pediu a busca e apreensão, a PF citava, para justificar a operação, a suspeita que a cúpula da agência estaria atuando para abafar a investigação. O pedido foi acatado por Alexandre de Moraes.

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