George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, foi preso na véspera de Natal por arquitetar atentados e tentar explodir uma bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília.
Inicialmente, o homem foi identificado como empresário, mas ele mesmo se autointitula gerente de postos de combustíveis. Ele tem ensino médio completo e não fez faculdade.
Em depoimento à Polícia Civil do DF (PCDF) George Washington afirmou ter vindo para a capital do país “preparado para guerra”, e disse que aguardava uma “convocação do Exército”, pois é um “defensor da liberdade”. George Washington se declara apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Não há empresa registrada, atualmente, em nome do bolsonarista. Mas ele já foi dono da G W de O Sousa & Cia Ltda Epp, criada em 2005. A empresa chegou a ser multada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas o motivo não foi divulgado.
O empreendimento, ainda sob o mesmo CNPJ, mudou de nome e de donos. Agora, trata-se da Petróleos Miramar, com sede em Belém do Pará, que atua no ramo de “transporte rodoviário de produtos perigosos” e “comércio varejista de lubrificantes”.
George Washington é casado e tem dois filhos. Um deles tem restaurante em Xinguara (Pará), com o nome Cavalo de Aço Empório Gourmet. O homem declarou à Justiça, como endereço comercial dele, o Posto Cavalo de Aço, também na mesma cidade paraense, que está registrado no nome de duas mulheres. O Metrópoles telefonou para todos os contatos disponíveis do estabelecimento, mas ninguém atendeu.
Durante audiência de custódia que converteu a prisão em flagrante em preventiva, o detento disse que “é gerente de quatro postos”. “Cuido de mais alguns só quando [eles] mandam eu ir fazer levantamento”. No entanto, ele não detalhou quem são “eles”.
O homem revelou que a sua renda mensal varia de R$ 4 mil a R$ 5 mil. Ele estava sob posse de armamento e munições, apreendidos pela Polícia Civil do DF, avaliados em mais de R$ 160 mil.
A suspeita de que George Washington é financiado por outras pessoas será apurada pela polícia, segundo o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB).
Viagem
O bolsonarista viajou do Pará para Brasília em uma caminhonete, transportando duas escopetas de calibre .12; dois revólveres calibre 357; três pistolas; um fuzil calibre 308; mais de mil balas de diversos calibres e cinco bananas de dinamite.
Na capital da República, ficou inicialmente hospedado no Setor Hoteleiro Sul (SHS). Depois, alugou dois apartamentos em bairro nobre de Brasília, no Sudoeste, pela plataforma AirBnB.
O empresário tinha registro de caçador, atirador e colecionador (CAC) desde 2021. Ele disse em depoimento à polícia que se motivou a comprar as armas pelas “palavras do presidente [Jair] Bolsonaro, que sempre enfatizava a importância do armamento civil”.
Ajudantes
A PCDF investiga a participação de ao menos dois suspeitos na tentativa de atentado perto do Aeroporto de Brasília, no sábado (24/12), véspera de Natal.
Um dos suspeitos identificados pela PCDF é o apoiador de Bolsonaro Alan Diego dos Santos Rodrigues, 32. Durante depoimento à polícia, George citou o nome de Alan como um dos manifestantes acampados no Quartel-General do Exército que teria o ajudado a planejar o atentado. No momento, Alan está sendo procurado.
O outro suspeito estaria no QG e foi citado pelo empresário preso no fim de semana. O nome dele ainda está sob sigilo para não atrapalhar as investigações.