Cientistas alertam que a Terra pode enfrentar uma catástrofe global em setembro de 2182, caso o asteroide Bennu, uma rocha de carbono com aproximadamente 500 metros de diâmetro, colida com o planeta.
Simulações feitas por astrofísicos da Universidade Nacional de Pusan, na Coreia do Sul, mostraram o que aconteceria com o planeta caso isso aconteça.
O asteroide Bennu se aproxima da Terra a cada seis anos, passando a 300 mil quilômetros do planeta. A rota do objeto astronômico mostra que ele terá maior risco de queda daqui a 157 anos. A probabilidade é baixa, de 0,04%, mas não é nula.
Os efeitos do asteroide
O estudo, publicado na revista Science Advances na quarta-feira (5/2), utilizou o supercomputador Aleph para modelar o cenário. Segundo os pesquisadores, o choque liberaria entre 100 e 400 milhões de toneladas de poeira na estratosfera, bloqueando a luz solar e desencadeando um “inverno de impacto”.
As simulações mostram que o impacto de asteroides como o Bennu poderia causar a queda de 4°C na temperatura global nos anos seguintes e as chuvas se reduziriam em aproximadamente 15%, com efeitos devastadores para os ecossistemas terrestres. Haveria também a redução de 32% da espessura na camada de ozônio.
Há ainda o risco do impacto físico da rocha com a Terra. Como isso depende da geografia do local que seria atingido, não foi avaliado diretamente pelos pesquisadores — mas tsunamis e terremotos seriam certos.
Impacto na fotossíntese e segurança alimentar
A redução da luminosidade afetaria drasticamente a capacidade das plantas de fazerem fotossíntese, reduzindo a produtividade de ecossistemas terrestres e marinhos em até 36% e 25%, respectivamente.
Plantas terrestres sofreriam mais, com recuperação lenta, enquanto algas marinhas, beneficiadas pelo ferro do asteroide, se recuperariam em meses e até aumentariam a proporção.
A astrofísica Lan Dai, coautora do estudo, destaca que a interrupção na fotossíntese causaria insegurança alimentar global. “A redução inicial de 20% a 30% na fotossíntese afetaria diretamente a produção de alimentos, com impactos prolongados na economia e na sociedade”, explica em comunicado à imprensa.
A humanidade acabaria?
Apesar dos impactos, os cientistas preveem que este evento não seria o bastante para extinguir a humanidade. O asteroide a que se credita a extinção dos dinossauros tinha um tamanho 120 vezes maior que o Bennu. O também astrofísico Axel Timmermann, outro autor do estudo, ressalta que há uma alta chance de que a humanidade já tenha enfrentado eventos semelhantes.
“Asteroides de médio porte como o Bennu atingem a Terra a cada 100 a 200 mil anos e os humanos vivem aqui há milhões. Nossos ancestrais podem ter vivido situações parecidas, o que pode ter inclusive influenciado a evolução humana e a formação das sociedades”, diz Timmermann. A capacidade de adaptação seria crucial para sobreviver a um impacto futuro.
Preparação para o futuro
Embora a probabilidade de colisão com Bennu seja pequena, o estudo reforça a necessidade de monitoramento e preparação. Missões como a Osiris-REx, que coletou amostras de Bennu, são essenciais para entender melhor esses corpos celestes e desenvolver estratégias de defesa planetária.
Enquanto isso, a humanidade deve estar ciente dos riscos. “Eventos como esse não são frequentes, mas são inevitáveis em escalas de tempo geológicas. Precisamos estar preparados”, conclui Dai.
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