Há cerca de 40 mil anos, os neandertais desapareceram da Terra. Essa espécie humana viveu na Europa e na Ásia, sendo o parente mais próximo do homo sapiens, o homem moderno atual. A extinção deles ainda é um mistério, porém algumas evidências científicas podem ajudar a elucidar a questão.
O principal meio para entender a história deixada pelos nossos ancestrais é o estudo de fósseis. Esses rastros permitem aos arqueólogos entender como os neandertais cresciam, se desenvolviam e envelheciam, assim como a diferença anatômica entre homens e mulheres neandertais.
“A partir desses esqueletos também temos evidências, por exemplo, de como eram os cuidados com idosos ou pessoas com deficiência na sociedade neandertal”, explica a professora Mercedes Okumura, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).
A docente destaca que um grande exemplo disso foi o achado de um fóssil em La Chapelle-aux-Saints, na França. Depois de algumas análises, os cientistas descobriram que tratava-se de um indivíduo idoso, sem dentes, com artrite e que só poderia ter sobrevivido graças à ajuda de outros membros da comunidade.
Mudanças climáticas podem ter influenciado na extinção
Os neandertais não desapareceram de repente, mas foram extintos aos poucos devido a uma combinação de fatores. Uma das principais hipóteses para a extinção deles tem relação com as mudanças climáticas.
“Eles eram muito mais carnívoros e isso é comprovado por análises químicas não só de fósseis, mas de fezes desses povos, além de procedimentos de hidratação radioativa. As mudanças climáticas passaram a afetar a caça por alimentos desses povos, contribuindo para o declínio populacional”, explica o professor de biologia Humberto Malheiros, do Colégio Católica de Brasília.
Ainda que frutas e vegetais fizessem parte da dieta dos neandertais, em geral, eles preferiam se alimentar de animais aquáticos e marinhos, como tubarões e mexilhões, além de mamutes e hienas. “Eles gostavam de caçar presas grandes e algumas dessas caçadas eram muito perigosas”, diz Malheiros.
Relação com homo sapiens e fim dos neandertais
O estudo dos fósseis mostra que o homo sapiens e os neandertais chegaram a coexistir. No momento em que a atual espécie humana chegou à Europa, os neandertais já estavam em declínio populacional. Porém, ainda não é de conhecimento dos pesquisadores se esses povos viviam em harmonia.
“Não há evidências de conflitos diretos que tenham deixado marcas de fraturas nos esqueletos de indivíduos homo sapiens e neandertais. O que sabemos é que esses grupos se encontraram em algum momento, mas não dá para prever se esse encontro foi amigável ou conflituoso”, revela Mercedes.
Indicativos recentes revelam que algumas populações humanas atuais têm 2% de ancestralidade neandertal em seus genomas. Acredita-se que a miscigenação entre as espécies pode ter levado à transmissão de doenças provenientes dos homo sapiens.
Por fim, com a diminuição da população, os neandertais começaram a cruzar entre parentes próximos, gerando problemas genéticos e prejudicando ainda mais a espécie.
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