Venda de livros cresce, mas ainda está abaixo do período pré-pandemia

Apesar de subir 3% desde 2020, o mercado editorial ainda não se recuperou da crise da pandemia e passa longe dos patamares pré-2014

atualizado 11/08/2022 17:52

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Arthur Menescal/Especial Metrópoles

O faturamento do mercado editorial de livros de obras gerais cresceu 3%. Mesmo assim, o setor ainda não recuperou o patamar pré-pandemia, e as vendas das editoras para o mercado livreiro – que compreende as livrarias, por exemplo –, seguem em queda, que é intensa desde 2014.

O faturamento caiu 37% daquele ano até 2021. As informações são da pesquisa “Desempenho Real do Mercado Editorial Brasileiro” de julho, da Câmara Brasileira do Livro (CBL), do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e realizada pela Nielsen BookData.

Mariana Bueno, responsável pelo levantamento, contextualiza o cenário: de 2006 a 2011, as editoras brasileiras adotaram uma estratégia de ganho de escala. Nesse plano, o mercado editorial buscou ao máximo baixar o preço do livro (conteúdo do livro, distribuído em edições de menor custo, como livros de bolso, por exemplo), para ganhar faturamento com base na quantidade vendida.

Esse plano não apresentava garantias de retorno. Depois de 2011, as editoras começaram a subir os preços, mas a inflação superava o ganho. No fim, o livro encareceu em valores nominais, mas o preço em si, tirando a inflação, permaneceu muito semelhante.

Pouco depois disso, veio a crise econômica. As vendas ao mercado seguiam em estabilidade desde 2006, início da série histórica da pesquisa, mas começaram a cair vertiginosamente a partir de 2014, ano em que a instabilidade econômica e política tomou o Brasil e que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Vitor Tavares, presidente da CBL, relata que o mercado livreiro foi abalado após os pedidos de recuperação judicial de duas das maiores redes do país: as livrarias Saraiva e Cultura, em 2018. Com a incerteza, diz Tavares, as editoras imprimem menos livros.

O abalo do mercado fez com que as editoras ficassem mais receosas e diminuíssem a tiragens. A decisão impactou diretamente o preço dos livros, que encareceram e afugentaram os clientes.

Tiragens menores encarecem porque, quanto mais livros se imprime, mais possibilidade há para negociar custos das editoras junto às gráficas ou negociar insumos como o papel, por exemplo.

Atualmente, a média de tiragens de impressão no Brasil é de cerca de 2 mil exemplares, enquanto que, em outros países, como os EUA, imprime-se em lotes de 10 mil. Best sellers, por exemplo, superam esses níveis, mas no geral são menores. “Com tiragens maiores, por volta de 4 ou 5 mil livros, o preço de capa poderia cair de forma substancial”, afirma Tavares, da CBL.

No Brasil, a composição do preço do livro é feita da seguinte forma: 10% do valor é destinado ao autor da obra; 10% se refere a custos industriais de produção, como papel, e a impressão na gráfica; 30% vai para os custos da editora, 15% para os distribuidores e outros 35% para as livrarias.

O problema das vendas que reduziram, aponta Tavares, reside também no poder de compra do brasileiro. Enquanto o livro “O Apanhador no Campo de Centeio”, na Amazon dos Estados Unidos custa US$ 10,69, ou convertendo em horas de trabalho baseadas no salário mínimo do país, custa cerca de 1h30. Nessa mesma medida, o brasileiro precisaria trabalhar por 8h15 para comprar, uma vez que, no dia 5/8, custava cerca de R$ 45,50.

De certa forma, o valor de um livro não é muito mais caro que outras formas de entretenimento. Está semelhante ao preço de um ingresso de cinema. Em Brasília, assistir a um filme em 2D no fim de semana também custa cerca de R$ 40. “O preço do livro não é, em si, caro. Ser caro, ou não, se trata da renda do consumidor”, ressalta.

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