O motorista do caminhão-reboque responsável por atropelar 10 pessoas na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, na terça-feira (7/8) estava proibido de dirigir por conta de um problema físico. Mesmo assim, pressionado por falta de dinheiro e doenças na família, há dois meses ele demitiu um funcionário e passou a conduzir o veículo.
O homem morreu após provocar o acidente. O veículo entrou pela contramão e atingiu nove carros e uma moto, matando uma pessoa.
A polícia investiga a causa da morte do condutor. Dos 10 feridos, só uma pessoa continuava internada nesta quarta-feira (8), e sua condição era considerada “estável”, segundo o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.
Problemas familiares
Carlos Henrique Sarmento Gonçalves, de 40 anos, mantinha uma oficina mecânica e um caminhão-reboque registrado em nome da esposa, Jaqueline Nascimento. Ela tinha um tumor no intestino havia dois anos e, cansada de esperar pela cirurgia no Sistema Único de Saúde (SUS), aderiu a um seguro-saúde, aguardou o fim do período de carência e há cerca de 20 dias fez a cirurgia. Agora, aguarda a biópsia para saber se o tumor é benigno ou maligno.
O filho do casal, um adolescente de 14 anos, tem hidrocefalia (doença caracterizada pelo acúmulo de líquido cefalorraquidiano no crânio, causando diversos problemas) e faz tratamento médico contínuo.
Gonçalves, que tinha passagens pela polícia por lesão corporal, tentativa de roubo de carga, dano ao patrimônio público, resistência, desobediência e desacato, trabalhava na oficina e mantinha um motorista no comando do caminhão-reboque. Com problemas financeiros, há dois meses o empresário decidiu demitir o profissional.
Por conta de um problema em um dos calcanhares, Gonçalves não conseguia movimentar o pé de baixo para cima e vice-versa. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) informou o caso ao Departamento Estadual de Trânsito do Estado do Rio (Detran-RJ), responsável por cassar a habilitação do empresário. Mesmo assim, desde que demitiu o motorista, Carlos Henrique Sarmento Gonçalves passou a dirigir conduzir o reboque da família.
Acidente
Por volta das 13h de terça-feira, Gonçalves seguia pela avenida Braz de Pina quando entrou pela contramão na rua Venina, que depois vira José Maurício. Ao longo de aproximadamente 1km, ele bateu em nove carros e uma moto, além de ter atingido uma banca de jornais e postes. Um motociclista conseguiu saltar, mas a moto ficou presa sob o caminhão, impedindo que ele seguisse pela contramão.
