Viagem de Bolsonaro a Rússia e Hungria custou R$ 2,1 milhões

Comitiva presidencial visitou os dois países de 14 a 18 de fevereiro. Gastos com diárias somaram R$ 1,1 milhão

atualizado 19/03/2022 9:03

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O presidente Bolsonaro (PL) desembarca de avião em aeroporto de Budapeste, na Hungria. Ele é branco, cabelo castanho e usa roupa de frio - Metrópoles Alan Santos/PR

A viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Rússia e Hungria, que durou quatro dias, custou US$ 396,7 mil aos cofres públicos, o equivalente a R$ 2,1 milhões. As informações foram obtidas pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Os gastos podem ser maiores do que o informado pelo governo, uma vez que não foram repassados os custos com combustível de aviões da Forca Aérea Brasileira (FAB) e de hospedagem, por exemplo.

A cotação do dólar utilizada foi a de 3 de março deste ano (R$ 5,29), data em que servidores do governo partiram rumo a Moscou para preparar e organizar a viagem antes da chegada de Bolsonaro e sua comitiva. 

A agenda do chefe de Estado brasileiro ocorreu entre 14 e 18 de fevereiro. O foco da visita foi a relação comercial, econômica e de defesa e soberania dos três países.

Semanas antes da viagem, o presidente vinha recebendo críticas de autoridades nacionais e internacionais por manter a visita oficial ao chefe do governo russo, Vladimir Putin. Naquele momento, Rússia e Ucrânia já viviam uma relação tensa.

Uma semana após a visita de Bolsonaro ao Kremlin, o governo russo invadiu a a Ucrânia, deflagrando uma guerra que já dura mais de 20 dias. Segundo o brasileiro, a viagem não teve o objetivo de “tomar partido”. Ele tem defendido a “neutralidade brasileira”

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

A maior parte dos gastos da viagem foi destinada ao pagamento de diárias – usadas para acomodação, alimentação e locomoção urbana, por exemplo – de seguranças do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e de assessores pessoais de Bolsonaro, além da comitiva de ministros. No total, o governo desembolsou R$ 1,1 milhão. Em Moscou, foram gastos R$ 684,8 mil com diárias de 71 pessoas. Em Budapeste, R$ 433,4 mil para 70 pessoas.

Como de costume, a maioria das pessoas que integrou a comitiva presidencial viajou em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). O governo, no entanto, ainda arcou com gastos de voos comerciais. Na viagem ao Leste Europeu, as despesas com passagens somaram R$ 200,1 mil – R$ 112.545,49 em voos para a Rússia (11 pessoas) e R$ 87.611,55 para a Hungria (10 pessoas).

Veja o total dos gastos, divididos por categoria, abaixo:

Carlos Bolsonaro

A lista de nomes fornecida pelo governo não inclui o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente Jair Bolsonaro. O político acompanhou a viagem do pai à Rússia. Segundo o Palácio do Planalto, no entanto, “não foram pagos pelo Ministério das Relações Exteriores quaisquer valores a título de diárias” a Carlos. A resposta foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que pediu informações sobre os gastos.

Apesar de dizer que não custeou as despesas, o governo federal não esclarece como foram pagos transporte, hospedagem e consumos de Carlos Bolsonaro. O Planalto disse ainda que não há nenhum ato do presidente Jair Bolsonaro relacionado à viagem que deve ser investigado, pois “todas as manifestações e atitudes do presidente da República se pautaram em critérios éticos e legais regulares”.

Na semana passada, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro disse não ter custeado a viagem do vereador e informou que ele havia comunicado previamente o afastamento, sem ônus. Segundo o órgão, Carlos registrou presença e votou de forma remota em todas as sessões realizadas nos dias 15, 16 e 17 do mês passado.

Aluguel de carros, escritórios e cerimonial

Além dos gastos com diárias e passagens, o governo brasileiro desembolsou R$ 780,4 mil em aluguel de carros e compra de materiais para escritórios de apoio, além de custos com cerimonial. 

No total, as despesas na Rússia somaram R$ 734,3 mil, dos quais R$ 662,9 mil foram usados para custear o aluguel de carros que auxiliaram na locomoção do presidente e da comitiva. Outros R$ 66.627,55 pagaram materiais para escritórios de apoio. Os custos com cerimonial somaram R$ 4.708,10. 

Na Hungria, segundo o governo, não houve gastos com o aluguel de carros. O valor total dispendido no país foi de R$ 46 mil, sendo que R$ 45.366,62 foram usados apenas para a compra de materiais para escritórios. A despesa com cerimonial foi de R$ 772,02.

Outras gastos

Veja outras viagens de Bolsonaro e os custos aos cofres públicos:

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