No centro da nova polêmica levantada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas redes sociais, o infectologista Davi Uip afirmou, nesta terça-feira (07/04), que “não há importância” no que tomou ou deixou de tomar para se curar da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
O médico está sendo pressionado pelo presidente e apoiadores a revelar se usou a hidroxicloroquina em seu tratamento. As declarações foram dadas durante entrevista coletiva em São Paulo.
“Não há nenhuma importância no que eu tomei ou deixei de tomar. Não me prescrevi nenhum medicamento, não fui responsável pela minha recuperação – fui tratado por profissionais em quem eu confio e as drogas que tomei durante a doença é um assunto extremamente pessoal. Não quero transformar meu caso em modelo para coisa alguma”, criticou.
Uip é o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo e testou positivo para a Covid-19 em março. Ele voltou ao trabalho nessa segunda-feira (06/04), após ficar em isolamento, e disse que a doença “não é brincadeira“.
Em entrevista ao jornalista José Luiz Datena após o retorno ao trabalho, ele já havia se recusado a responder o questionamento. “Eu segui regiamente o que me foi prescrito e orientado. Cabe aos meus médicos falaram de terapêutica. Eu não vou falar”, reiterou.
Sem comprovação
Sem testes suficientes para ser comprovadamente considerada no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus, a hidroxicloroquina só é recomendada pelo Ministério da Saúde para casos em que o paciente está internado pela Covid-19, desde que haja consenso entre médico e paciente.
Apesar de os resultados com a cloroquina ainda serem inconclusivos e o remédio considerado experimental, Bolsonaro insiste na defesa de seu uso — a polêmica, aliás, é um dos fatores pelos quais ele está em um embate público com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
– O médico David Uip tomou, ou não, HIDROXICLOROQUINA para se curar? pic.twitter.com/RsfNKAv6qM
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 7, 2020
