Os dois “superministros” do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tiveram nos últimos dias que abrir passagem para outro personagem ganhar destaque.
Com a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, e Paulo Guedes, da Economia, perderam espaço para Luiz Henrique Mandetta, titular da Saúde.
Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV) identificou, desde a última sexta (25/03), que as citações a Mandetta cresceram 2.976%.
Antes da crise, o ministro aparecia em menos de 20 mil citações mensais. Nos últimos 30 dias, o número saltou para 615 mil.
Desde o começo do governo Bolsonaro, Moro sempre liderou o ranking, que não considera a figura do presidente.
O ex-juiz teve 246,1 mil menções no Twitter — 60% a menos do que Mandetta.
Apesar das medidas econômicas anunciadas, Guedes não deslanchou na rede. O ministro é citado em 189,5 mil tuítes – quase 70% a menos do que Mandetta.
Todos os ministros são elogiados quando se posicionam a favor do isolamento social, que diminui a transmissão do vírus.
Ciumeira no Planalto
Nos bastidores do governo, comenta-se que o destaque e o apoio que Mandetta tem recebido geram desconforto entre os ministros e até mesmo ao presidente.
Bolsonaro discorda de Mandetta sobre o isolamento social, mas descarta demiti-lo agora. Contudo, o chefe do Palácio do Planalto já destacou a necessidade de ser ouvido mais.
A mais recente tentativa de diluir o “sucesso” de Mandetta foi uma mudança na forma de apresentação do boletim diário da Covid-19.
Antes, as informações eram divulgadas no Ministério da Saúde, sob a batuta de Mandetta.
Desde o inicio da semana, o boletim passou para o Palácio do Planalto, sob o comando do ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, com a participação de outros chefes de pasta e secretários.