Diplomatas receberam, nas últimas semanas, instruções oficiais do comando do Itamaraty para que, durante negociações em foros multilaterais, reiterem “o entendimento do governo brasileiro de que a palavra gênero significa o sexo biológico: feminino ou masculino”, informa o jornal Folha de S. Paulo.
A mensagem é um novo episódio da nova orientação da política externa do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra a ideologia de gênero. Para segmentos de direita, a flexibilidade no termo “gênero” é um ataque ao conceito tradicional de família.
A instrução foi formalizada, segundo fontes do Itamaraty, porque o Brasil quer evitar ambiguidades ao utilizar essa definição.
Em discurso durante seminário promovido pelo Itamaraty e pela Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) no dia 10 de junho, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, criticou o globalismo, afirmando que o conceito promove ideias como a ideologia de gênero.
O globalismo, segundo grupos de direita, orienta instituições internacionais a interferir na soberania de países e a apagar tradições nacionais. A ideia ganhou força principalmente com o apoio do guru do bolsonarismo, o escritor Olavo de Carvalho.
Nesse discurso, Ernesto criticou o globalismo por criar um mundo onde “você não tem mais nação, onde você não tem mais família, onde você não tem mais homem e mulher”.
Jair Bolsonaro já mencionou diversas vezes, como no encontro com o presidente americano, Donald Trump, durante visita a Washington, que o combate à ideologia de gênero é uma de suas bandeiras.