O consumo de água na casa onde o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicamos-RJ) Fabrício Queiroz foi preso, na última quinta-feira (18/06), aumentou a partir de março de 2019. O acréscimo coincide com o período em que ele teria ficado escondido na residência, de pouco mais de um ano.
Até fevereiro do ano passado, o gasto era inferior a 10 metros cúbicos por mês, o que isenta o proprietário de pagar a conta. De março até maio deste ano, oscilou de 20 a 40 metros cúbicos mensais – e passou a ser cobrado.
O dado, inicialmente, foi constatado por Heloísa Carvalho, filha do escritor Olavo de Carvalho, espécie de “guru” dos bolsonaristas mais radicais, ao baixar pela internet o histórico de consumo da casa na Rua Figueiras, em Atibaia, São Paulo.
A informação foi confirmada pelo Metrópoles, que também verificou que todas as contas encontram-se quitadas para a residência registrada no nome do escritório Wasseff & Sonnenburg Sociedade de Advogados.
O advogado Frederick Wasseff, que até a semana passada defendia o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, nega que o ex-assessor da família estivesse escondido no imóvel de sua propriedade desde o ano passado. Mas, a contar pelo consumo da casa, a partir do mês indicado, houve, realmente, um aumento compatível com a chegada de um morador no local.
De posse do código de consumo do imóvel, Heloísa conseguiu com a concessionária de água e saneamento de Atibaia os dados do consumo de água da residência.
Pelos históricos baixados de 2018, 2019 e 2020, pode-se notar que o dispêndio mensal ficava sempre abaixo do mínimo necessário para a cobrança por volume, à exceção dos meses de setembro e outubro de 2018 – época das campanhas eleitorais que consagraram Jair Bolsonaro vencedor do pleito. Ainda assim, atingiu, apenas, 11 metros cúbicos, um a mais do que o mínimo.
No caso de Atibaia, o valor mínimo de cobrança é referente a 10 metros cúbicos por mês.
Aumento de consumo
Já a partir de fevereiro de 2019, o hidrômetro da casa de Wassef passou a registrar um perfil de consumo mais elevado. O extrato da conta registra 14 metros cúbicos em fevereiro e 40 em março de 2019. A partir daí, o consumo ficou entre 20 e 43 metros cúbicos ao mês, ou seja, um consumo de água superior aos meses anteriores. Essa média se manteve neste ano, oscilando de 21 a 44 metros cúbicos.
“Hoje pela manhã, enquanto eu estava batendo papo com amigos, consegui o número e puxei todos os valores”, disse Heloísa ao Metrópoles. Ela conta que teria contribuído com a investigação que levou à prisão do ex-assessor, em uma operação autorizada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Queiroz é peça-chave do inquérito que apura a existência de um suposto esquema de “rachadinha” comandado pelo senador Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando ele ainda era deputado estadual.
O escritório de Frederick Wassef foi procurado, mas não retornou as ligações da reportagem. O espaço continua aberto.