Tão logo foram registrados, os dois blocos de oposição na Câmara dos Deputados já iniciaram uma disputa pela liderança da Minoria. O primeiro grupo, puxado pelo PDT e que tem o PCdoB entre os participantes lidera numericamente como segunda bancada com 105 deputados. O outro grupo, liderado pelo PT e que reúne PSol, PSB e Rede soma 97 deputados, no entanto, reivindica os dois postos, sob a alegação que no maior bloco figuram partidos que claramente apoiam o governo.
A briga foi objeto de questão de ordem levantada pelo líder do Psol, Ivan Valente (SP), que questionou a superioridade numérica do bloco liderado pelo PDT, alegando que as fusões ainda não foram deliberadas.
O PCdoB decidiu incorporar o PPL, o PHS se fundiu com o Podemos e o PRP foi incorporado pelo Patriota. No entanto, o PSol, PT e PSB questionam estas fusões, já decididas pelas sigas, mas não averbadas pela Justiça Eleitoral.
Além do tamanho do partido, a questão de ordem indeferida na sessão de votação aponta que os partidos que integram o primeiro grupo não representam oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PSL). “Neste bloco (PT, PSol, PSB e Rede) estão partidos de oposição. No outr bloco , tem partidos de oposição, mas a maioria, é de partidos de situação. Então, essa é uma irregularidade que mexe com a eleição da Mesa”, reclamou Ivan Valente.
O líder do PCdoB, Orlando Silva (SP) retrucou: Eu estou muito surpreso de ter uma questão de ordem apresentada por uma partido político que eu reconheço, subscrita por outro partido político que eu conheço a história e a trajetória”, disse o comunista.
“O PCdoB não estão discutindo uma fusão. Eles já deliberaram. Eles já decidiram. O que está em curso é uma processo de formalização em um ambiente do Tribunal Superior Eleitoral”, explicou.
Ao contraditar, Silva deixou clara a indisposição entre o PT e o PCdoB, legendas que estiveram coligadas na eleição presidencial e defenderam a candidatura de Fernando Haddad, com a ex-deputada Manuela, como vice.
“O partido dos Trabalhadores quer tutelar o PCdoB. Mas dessa vez, não”, enfatizou. O PT está usando o PSol, com todo respeito, está usando o PSB, com todo respeito, para fazer um debate que não lhe cabe. Isso não pode contaminar nossa relação politica, até porque, depois de hoje, vem o amanhã. Nos encontraremos nas ruas muitas vezes. Nos encontraremos neste plenário muitas vezes”, atacou Orlando Silva.
Manifestando-se pelo PSB, o deputado Julio Delgado (MG). “Quero ver partidos como o Patriota, PPS e Avante votarem contra o governo. Eu duvido”, disse.