Bolsonaro pressionou primeiro-ministro indiano por hidroxicloroquina

Presidente brasileiro teria contatado diretamente Narendra Modi pedindo fabricação de insumos para produzir cloroquina

atualizado 10/06/2021 10:48

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bolsonaro e cloroquina Igo Estrela/Metrópoles

Detalhes dos telegramas secretos obtidos pelo jornal O Globo revelaram uma conversa entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O diálogo teria sido a fim de que o país acelerasse e facilitasse o envio de insumos para a produção de cloroquina, para o Brasil. O remédio tem sido usado para o tratamento precoce contra a Covid-19.

Apesar de a hidroxicloroquina não ser recomendada pelas instituições mundiais de saúde contra o vírus, o presidente, em meados de abril, se esforçou para que a Índia enviasse os insumos.

Em junho de 2020, o medicamento foi retirado, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), dos estudos clínicos de testagem de drogas contra o novo coronavírus. Os trabalhos mostraram que a hidroxicloroquina não tem eficácia na queda da taxa de mortalidade de pacientes com a doença, na necessidade de ventilação ou no tempo de internação

“Entrarei diretamente no assunto. Embora não haja, por ora, divulgação oficial, temos tido resultados animadores no uso de hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com a Covid-19. Gostaria, por isso, em nome do governo brasileiro, de fazer um apelo ao amigo Narendra Modi para que obtenhamos a liberação de importações de sulfato de hidroxicloroquina feitas por empresas brasileiras”, disse Bolsonaro na conversa com o primeiro-ministro, obtida pelo O Globo.

O presidente, na conversa, também citou duas empresas específicas, a Apsen e a EMS.

“Estou informado de que um carregamento de 530 quilos de sulfato de hidroxicloroquina está parado na Índia, à espera de liberação por parte do governo indiano. Esse carregamento inicial de 530 quilos é parte de uma encomenda maior, e foi comprado pela EMS”, disse o chefe do Executivo.

“Adianto haver, também, mais carregamentos destinados a uma outra empresa brasileira, a Apsen. Este, como eu dizia, é um apelo humanitário que submetemos a nosso prezado amigo Narendra Modi, e que, se atendido, poderá salvar muitas vidas no Brasil”, continuou.

Apoio de empresas

Tanto o presidente da EMS, como o da Apsen, se autodeclararam simpatizantes ao presidente Jair Bolsonaro.

Em seu depoimento na CPI da Covid-19, no dia 18 de maio, o ex-chanceler brasileiro Ernesto Araújo confirmou ter trocado telegramas diplomáticos com o embaixador brasileiro na Índia, Elias Luna Santos, pedindo ajuda para a importação de cloroquina e hidroxicloroquina para o Brasil.

“Bem relação a testes de hospitais brasileiros que eu tenho conhecimento, como foi noticiado na época e não ao que foi comunicado a mim oficialmente, testes no Hospital Prevent Senior, em São Paulo. Na minha atribuição, eu nunca recebi uma relação de testes realizados. Como eu disse, essa atuação para liberar a exportação de uma determinada partida de hidroxicloroquina da Índia foi a pedido do Ministério da Saúde e devidamente justificada”, disse Arújo, na ocasião.

Caminho dos telegramas

Telegramas obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo revelam que o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo mobilizou o órgão para garantir o remédio que é cientificamente ineficaz no tratamento da Covid-19.

Segundo os documentos, a mobilização do aparato diplomático do Brasil para conseguir a cloroquina começou pouco tempo depois de Bolsonaro falar em “possível cura para a doença”, em 21 de março de 2020.

Cinco dias depois, no dia 26 de março, o chefe do Executivo disse, durante uma reunião do G20, existirem “testes bem-sucedidos, em hospitais brasileiros, com a utilização de hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados pela Covid-19, com a possibilidade de cooperação sobre a experiência brasileira”.

No mesmo dia do discurso de Bolsonaro no G20, Araújo exigiu que diplomatas tentassem “sensibilizar o governo indiano para a urgência da liberação da exportação dos bens encomendados pelas empresas antes referidas [EMS, Eurofarma, Biolab e Apsen]”, mesmo que, à época, o governo indiano tivesse restringido a exportação da cloroquina.

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