Análise: entre Chico Buarque e Jair Bolsonaro não existe cordialidade

O compositor e o presidente representam os polos opostos da política e, nessa condição, não se cumprimentam nem nas grandes vitórias

atualizado 24/05/2019 10:23

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Reprodução/GettyImages

Faz sentido o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não cumprimentar o compositor Chico Buarque pelo Prêmio Camões. Os dois nada têm em comum e, até onde se sabe, o capitão nunca se interessou pelos escritos do vencedor da honraria literária.

Bolsonaro e Chico nasceram e viveram em mundos distintos. Hoje, eles representam os polos inconciliáveis da política brasileira. Quando o artista arrebatou corações urbanos com a música A Banda, em 1966, o futuro presidente ainda era um pré-adolescente no interior de São Paulo.

O compositor circulou e fez sucesso no meio universitário. Para o presidente, esse é um ambiente habitado por “idiotas úteis”.

O capitão seguiu carreira militar e, depois de atos graves de indisciplina, saiu do Exército para entrar na política. Nos mandatos parlamentares, notabilizou-se pela defesa da ditadura.

Chico teve papel de destaque na resistência aos governos fardados e, em suas músicas, homenageou vítimas da repressão. Quem ouviu Angélica, de 1981, emocionou-se com a mãe que “só queria embalar” o “filho que mora na escuridão do mar”.

O presidente tripudia das famílias que buscam os corpos dos filhos escondidos pelos militares. Criou até o mote “quem procura osso é cachorro”. Ao votar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), ele homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante de um centro de tortura e morte em São Paulo.

Na última votação do afastamento da petista, Chico ficou o tempo todo na galeria do Senado, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante todo o processo de deposição de Dilma, reforçou as fileiras dos que gritavam “é golpe!”.

Amigo de Lula, o artista faz campanha para o PT desde a criação do partido e gosta de ir para Cuba. Na política, Bolsonaro escolheu o caminho da política de extrema direita, ridiculariza o país caribenho e tornou-se o maior adversário do Partido dos Trabalhadores.

Não tem arrego
Mesmo com tantas divergências, se o Brasil passasse por tempos de tolerância, o presidente poderia dar uma declaração simpática à conquista de Chico. Concedido desde 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil, o Camões é um dos principais prêmios da língua portuguesa. Eleitor de Fernando Haddad em 2018, o artista também não desejou boa sorte a Bolsonaro depois da vitória nas urnas.

Essa é a tônica dos dias de hoje. Entre os dois extremos, não tem arrego nem cordialidade. Sobre esse aspecto, a propósito, o conceito do brasileiro como um “homem cordial” – visão em voga durante certa época –  foi estudado na década de 1930 pelo pai de Chico, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda.

Neste tempo, o artista e o presidente nem tinham nascido. Depois de quase um século, ninguém mais se refere aos brasileiros com esse adjetivo. Isso também faz sentido.

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