Adélio Bispo premeditou e agiu só no ataque a Bolsonaro, conclui PF

Segundo a Polícia Federal, o crime teve motivação política e o agressor do presidenciável registrou locais aonde candidato iria em Minas

atualizado 28/09/2018 21:17

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Reprodução

A Polícia Federal concedeu coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (28/9) sobre a conclusão do inquérito que apurou o atentado ao candidato à Presidência da República do PSL, Jair Bolsonaro. De acordo com a corporação, o crime, ocorrido em 6 de setembro em Juiz de Fora (MG), foi arquitetado e executado por uma única pessoa: Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos. O homem foi preso minutos após esfaquear o presidenciável e está desde o dia 8 em um presídio federal de segurança máxima em Campo Grande (MS).

“Chegamos à conclusão de que o senhor Adélio teria agido sozinho. Aquela informação de que ele teria agido com outras pessoas não se confirmou. Pelo contrário”, disse o delegado regional de combate ao Crime Organizado em Minas Gerais, Rodrigo Morais Fernandes, responsável pela condução da investigação. Segundo ele, o agressor havia ameaçado Bolsonaro de morte, anteriormente, pelo Facebook.

 

Polícia Federal/Reprodução
Trecho do inquérito

 

De acordo com os investigadores, Adélio Bispo chegou em Juiz de Fora (MG) vindo de Florianópolis (SC), em 19 de agosto. Ele seguiu para a cidade mineira a pretexto de conseguir emprego. Trabalhou por quatro dias em um restaurante do município, como garçom. Quando soube da ida de Jair Bolsonaro à cidade, começou a planejar o crime, conforme detalhou o delegado Rodrigo Morais Fernandes na coletiva.

Ainda segundo o responsável pela investigação, no celular de Adélio os agentes identificaram imagens de outdoors em Juiz de Fora. As placas publicitárias anunciavam a ida de Bolsonaro ao interior mineiro. O agressor também esteve em um restaurante onde o candidato tinha almoço marcado. De acordo com o delegado, Bispo acompanhava cada passo do presidenciável e teve acesso até ao hotel onde o político se encontraria com empresários.

Em sua permanência em Juiz de Fora, Adélio se hospedou em pousada simples, onde a PF apreendeu um laptop, quatro celulares e dois chips de telefone. O notebook tinha informações desde 2017. A PF verificou projetos dele de cunho político. “Identificamos vários textos políticos contrários ao que Jair Bolsonaro prega”, detalhou Rodrigo Morais. “Não restam dúvidas para a investigação que o que levou Adélio a cometer o crime foi o inconformismo político”, ressaltou.

Durante a carreata de Bolsonaro, Adélio estava em meio à multidão o tempo todo, tentando conseguir acesso ao candidato, o que veio a ocorrer na Rua Halfeld, onde ele se aproximou o suficiente para esfaquear o presidenciável na altura do abdômen. A faca usada no crime foi periciada e os exames encontraram vestígios do DNA de Jair Bolsonaro na arma.

À polícia, Adélio contou ter comprado a faca em Florianópolis e a levado para Juiz de Fora. O acusado alegou que cozinhava nos locais onde se hospedava, por isso portava o objeto mesmo antes de começar a planejar o crime. “Ele fez curso de tiro num estande em Florianópolis e alega que, desde então, queria adquirir uma arma de fogo para sua proteção, defesa própria”, disse o delegado Rodrigo Morais. “Ele se sentia ameaçado, pois fez denúncias no passado contra políticos de Uberaba [MG]. Mas desistiu de comprar [arma, pelo custo e trâmite burocrático]”, revelou Rodrigo Morais.

Motivação
Conforme explicou o delegado, “a PF vem tentando consolidar a conduta do próprio preso e de possíveis outros envolvidos no atentado, caracterizando ali um possível atentado com viés político, por inconformismo político com o que o candidato defendia. Por esse motivo ele [Adélio Bispo] foi preso, pelo artigo da Segurança Nacional”, disse o delegado Rodrigo Morais Fernandes. “Ficou claro que havia essa discordância em relação aos projetos políticos do candidato”, acrescentou.

Os investigadores colheram depoimentos de pessoas próximas a Adélio, segundo as quais “o assunto predileto do agressor era a política”, inclusive com os conhecidos.

A PF analisou mais de 2 terabytes de materiais, filmagens e informações colhidas pela cidade. Usaram também postagens divulgadas nas redes sociais. Os peritos federais analisaram mídias encontradas nos celulares e notebook apreendidos do acusado.

“Configuram-se, portanto, indubitavelmente, indícios robustos de que houve uma decisão prévia, reflexiva e arquitetada, por parte de Adélio Bispo de Oliveira, para atentar contra a vida do candidato”, diz a PF no inquérito. No computador, havia “arquivos relacionados a contatos de pessoas, partidos e organizações afinadas com a ideologia de esquerda”, registra o documento.

Nas contas bancárias em nome de Adélio não há qualquer movimentação atípica, de acordo com a Polícia Federal. “É um cidadão que não tinha grandes gastos, vivia de forma simples”, acrescentou Morais. Ainda são analisados, no segundo inquérito aberto pela PF sobre o atentado, ao menos 6 mil mensagens instantâneas e mais de 1 mil e-mails. Outros aparelhos ainda não tiveram seus sigilos quebrados: de acordo com a corporação, há seis e-mails e três telefones ainda não verificados.

“A partir do segundo inquérito vamos fazer um estudo da vida dele [Adélio] nos últimos cinco anos. Até agora, não há [indícios] de planejamento de alguém que pudesse ter [colaborado]”, explicou o delegado Rodrigo Morais.

Críticas ignoradas
A equipe envolvida no caso – além do delegado regional de combate ao Crime Organizado em Minas Gerais, o coordenador-geral de Polícia de Repressão a Drogas e Facções Criminosas, Júlio César Baida Filho, também participou da coletiva – não quis comentar se, na avaliação da PF, houve falhas na escolta do candidato a presidente da República que resultaram em Adélio conseguir esfaqueá-lo.

Ambos também evitam comentar as críticas de Bolsonaro à condução da investigação pelos federais. “O nosso trabalho é técnico. Esse tipo de comentário é irrelevante”, concluiu Morais. O presidenciável será ouvido nos dois inquéritos sobre o atentado contra a sua vida.

 

Os números do inquérito
– Pessoas entrevistadas em campo: 40
– Testemunhas no inquérito: 30
– 2 buscas realizadas para busca e apreensão (na pousada e em uma LAN house utilizada por Adélio)
– 150 horas de imagens analisadas
– 600 documentos analisados
– 1.200 fotos analisadas
– 50 policiais envolvidos
– Tempo de oitivas (testemunhas e indiciado): 50 horas
– Laudos periciais elaborados: 9
– Tempo dedicado pelos policiais: 2.640 horas

Um segundo inquérito está em andamento. A previsão de prazo é de 30 dias, podendo ser prorrogado. Nessa investigação, serão trabalhados: dados telemáticos (mensagens trocadas em aplicativos) e telefônicos (conexão e contatos nos últimos cinco anos), correio eletrônico (1.600 mensagens e análise de seis contas) e extratos bancários.

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