No ápice da crise do oxigênio em Manaus (AM), em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde levou ao estado do Amazonas mais hidroxicloroquina do que medicamentos que compõem o chamado kit intubação.
Informações prestadas pelo próprio Ministério da Saúde revelam que a pasta entregou, em 14 de janeiro, 120 mil doses de hidroxicloroquina à Secretaria Estadual do Amazonas (Sesam). O fármaco não tem eficácia cientificamente comprovada contra a Covid-19.
Por outro lado, o governo enviou 40,5 mil unidades de midazolam, fentanila, propofol, suxametônio, rocurônio e atracúrio. Esses remédios são usados para intubar pacientes em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Em Manaus, faltaram leitos, profissionais e até oxigênio hospitalar, com a alta de internações em decorrência da Covid-19.
Os dados constam em documento, a qual o Metrópoles teve acesso, da Procuradoria-Geral da República (PGR), enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que apura ações e omissões do governo federal durante a pandemia do coronavírus.
O envio do medicamento decorre de constatação formulada pelo então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em acordo com os secretários estaduais de Amazonas.
Em reunião realizada no dia 4 de janeiro, entre o Ministério da Saúde e autoridades do estado do Amazonas, foi identificada “deficiência na resolutividade da atenção primária, por não estarem utilizando as orientações de intervenção precoce para Covid-19, conforme orientações do MS”.
Pazuello também conclui haver “possibilidade iminente de colapso do sistema de saúde, em 10 dias, devido à falta de recursos humanos para o funcionamento dos novos leitos”.
O Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas denunciou Pazuello, em abril deste ano, por improbidade administrativa. A procuradoria mostra que o ministro esperou a morte de pacientes com Covid-19 por falta de oxigênio para agir na crise sanitária.