Goiânia – A certidão de óbito da mulher que morreu após passar por procedimento estético no bumbum em uma clinica clandestina de Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia, informa que ela também estava com Covid-19.
A doença foi inserida entre as causas da morte de Ronilza Johnson, de 45 anos. Ela morreu no sábado (1º/5) e havia sido internada no dia 27 de março em decorrência de complicações geradas por um tratamento estético para aumentar o bumbum.
O caso começou a ser apurado pela Polícia Civil de Anápolis, depois que a própria Ronilza fez a denúncia. Descobriu-se que a clínica onde ela fez o procedimento por indicação de amigos era clandestina e não tinha alvará de funcionamento.
Agora, como desdobramento do caso, a certidão de óbito informa, entre as causas da morte: choque séptico, Covid-19, intervenções de razões estéticas e fasciíte necrosante, que é uma infecção bacteriana que atinge tecidos da pele.
Ronilza estava internada no Hospital de Urgências de Anápolis (Huana). O caso vinha sendo investigado como lesão corporal grave ou gravíssima. Depois, com a morte, passou a ser lesão corporal seguida de morte. A investigação avalia agora o que muda com a informação do diagnóstico da Covid-19.
R$ 9 mil
A mulher morava e trabalhava na Inglaterra. Ela estava em Anápolis visitando o pai, como fazia pelo menos uma vez por ano. Ela teria desembolsado R$ 9 mil para fazer os procedimentos na clínica, conforme documentação encontrada pela polícia.
A clínica foi alvo de mandado de busca e apreensão e foi fechada pela Vigilância Sanitária. No local, foram apreendidos cadernos com anotações e tubos utilizados para coleta e armazenamento de sangue.
“O procedimento foi feito de forma ilegal, o que já foi verificado. Ela passou mal uma semana depois e vizinhos chamaram uma ambulância”, disse a delegada Cynthia Alves Costa, responsável pela apuração do caso.
Indícios de negligência
A polícia apurou elementos relacionados ao procedimento que fundamentam as suspeitas de irregularidade. O biomédico responsável, Lucas Santana, teria se apresentado como médico para Ronilza, o que levanta a suspeita de falso exercício da medicina e falsidade ideológica.
Foi apurada ainda a participação, como auxiliar, do estudante de medicina na Bolívia, Thierry Cardoso. As residências dele e de Lucas foram alvos de mandados de busca e apreensão.
Na casa de Thierry, que fica em Leopoldo de Bulhões, cidade a 48 quilômetros de Anápolis, foram encontrados inúmeros medicamentos, inclusive alguns de procedência estrangeira, de uso veterinário e diversas receitas médicas em branco.
PMMA
Eles teriam aplicado polimetilmetacrilato, conhecido como PMMA, no glúteo, rosto e em outras partes do corpo de Ronilza. A substância provocou infecções graves no corpo dela, que rapidamente necrosaram e viraram feridas.
O produto não é indicado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia para este procedimento específico, embora não seja proibido. Além disso, o Conselho Regional de Biomedicina de Goiás informou que o biomédico realizou um procedimento não autorizado pelo Conselho Federal de Biomedicina (CFBM).