O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega ao Uruguai nesta quinta-feira (5/12) para a Cúpula de Líderes do Mercosul, agenda da qual participa na sexta-feira (6/12). A principal pendência a ser resolvida é se o acordo comercial do grupo com a União Europeia será retificado ainda em 2024 ou não, após mais de 20 anos de negociações.
Uma sinalização importante a favor do texto seria a participação da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. No entanto, ela ainda não confirmou presença no evento.
Ao longo do ano, Lula conquistou apoios para o termo, assinado ainda na gestão de Jair Bolsonaro (PL), porém sem retificação, enquanto ainda enfrenta oposição dos agricultores na França. Com a instabilidade política na Europa, o país avalia se cederá à pressão do setor, com o tema reaquecido por falas do diretor do Carrefour contra a carne do Mercosul.
No entanto, o otimismo sobre o texto ultrapassa o Planalto e chegou também ao Itamaraty. “Estamos vendo de maneira positiva o desenrolar das negociações. O próprio presidente Lula já fez referência à expectativa de que tenhamos a conclusão das negociações até o final do ano”, comentou o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Mauricio Lyrio.
“Já disse também que isso tem um significado além do comercial, porque tem uma importância política também muito considerável, nesse momento de conflitos, antagonismos recorrentes, protecionismo, ameaças unilaterais e assim por diante”, complementou.
Fator Milei
Outra questão para a cúpula no Uruguai é a presença de Javier Milei, que criticou o Mercosul e ameaçou sair do bloco quando assumisse o comando da Argentina. Apesar disso, a nação segue no grupo e se tornará presidente do Mercosul pelos próximos seis meses.
É esperado que a ida de Milei cause desconforto em Lula, a quem chamou de “comunista” e “corrupto” durante a campanha presidencial argentina e se negou a pedir desculpas. Os dois se encontraram há poucas semanas na cúpula do G20, no Rio de Janeiro, e protagonizaram um cumprimento frio.
O presidente argentino ainda deve encontrar o novo mandatário do Uruguai, o esquerdista recém-eleito Yamandú Orsi, que esteve no Palácio do Planalto com Lula na última semana.
Atualmente, o Mercosul está dividido politicamente. Lula e Orsi estão no espectro da esquerda, enquanto Milei e Santiago Peña, presidente do Paraguai, ficam no campo da direita.
Mercosul
O Mercosul foi criado em 1991, composto originalmente por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela havia sido incorporada, mas foi suspensa, e a Bolívia está em processo de adesão.
O grupo coopera de forma econômica e também viabiliza os chamados “benefícios práticos”, como trânsito livre de cidadãos e alinhamento de normas para comércio.
