O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou, nessa quarta-feira (26/3), o sigilo de uma carta enviada à Corte por Débora Rodrigues dos Santos, que é julgada por pichar a estátua “A Justiça”, em Brasília, com a frase “Perdeu, mané” durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. No texto, a mulher diz almejar ter a vida “pacata e simples de volta” e se “arrepender amargamente” do ato. Ela está presa desde março daquele ano.
Leia a integra da carta:
Escrita em outubro de 2024, a carta de Débora expõe que a mulher participou dos protestos em Brasília acreditando ser uma “manifestação pacífica” e afirma que o ato de vandalismo – pichar com batom – foi cometido no “calor do momento”, sem intenção de prejudicar o Estado Democrático de Direito e sem conhecimento da importância e representação da estátua.
“Se eu soubesse jamais teria a audácia de sequer encostar nela. Minha intenção não era ferir o Estado Democrático de Direito, pois sei que o mesmo consiste na base de uma nação”, escreveu a cabeleireira.
No texto, ela ainda afirma que hoje tem “aversão à política” e que quer ficar o mais distante possível “disso tudo”. “Me arrependo deste ato amargamente, pois causou separação entre eu e meus filhinhos”, acrescentou. A mulher tem dois filhos, de 8 e 10 anos.
Por fim, Debóra diz almejar ter a vida “pacata e simples de volta”, ao lado da família, e pede que o ministro Alexandre de Moraes leve em consideração a demonstração “sincera” de seu arrependimento.
Pedido de perdão
Presa desde março de 2023, Débora classificou a própria ação como “ilegal” e reconheceu que “feriu” o Estado Democrático de Direito durante um depoimento concedido em novembro de 2024, que teve também teve o sigilo derrubado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Na fala, ela também se desculpou pelo vandalismo.
Veja:
A baiana, que mora em Paulínia, interior de São Paulo, viajou a Brasília em 7 de janeiro, permaneceu no Quartel-General do Exército e, no dia seguinte, foi à Praça dos Três Poderes, onde pichou a estátua com batom vermelho e comemorou o ato diante da multidão.
A Primeira Turma do Supremo iniciou, na semana passada, o julgamento de Debora. O ministro Alexandre de Moraes, o relator do caso, votou para condená-la a 14 anos de prisão. Flávio Dino acompanhou o voto de Moraes.
No entanto, o julgamento foi suspenso, após o ministro Luiz Fux pedir vista, ou seja, solicitar mais tempo para avaliar o caso.