Pressionado pela alta da inflação, Copom eleva juros para 4,25% ao ano

Taxa Selic tem aumento pela terceira vez seguida, agora em 0,75 ponto percentual. Conforme previsões, é só o começo da temporada de altas

atualizado 16/06/2021 18:43

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Conforme antecipou o Metrópoles e já era esperado pelo mercado financeiro, o Comitê de Política Monetário (Copom) decidiu nesta quarta-feira (16/6) aumentar a taxa Selic (a taxa básica da economia e que regula os juros) em 0,75 ponto percentual, elevando o índice para 4,25% ao ano.

Essa é a terceira vez consecutiva que o índice sofre aumento. A medida busca controlar a inflação, que já chegou no acumulado dos últimos 12 meses a 8,06%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio e deve continuar crescendo. Essa pressão é derivada de choques transitórios no preço de commodities alimentícias e energéticas.

De acordo com especialistas, o ambiente é amplamente desafiador para o Banco Central, uma vez que o IPCA deve fechar 2021 acima da meta perseguida pelo governo, que é de 5,25%. Ao mesmo tempo, as previsões indicam que a crise hídrica terá um impacto severo na energia elétrica.

Entretanto, no diagnóstico do economista-chefe da Necton Ivestimentos, André Perfeito, os aumentos na Selic começaram a ser inócuos para resolver esses problemas. Ele argumenta que a valorização do real é a única variável que pode ser auxiliada com a mudança, “atenuando no curto prazo os efeitos mais deletérios da alta de commodities”.

“Estamos hoje com expectativas melhores para a moeda brasileira, ou seja, a percepção de que o Brasil ficou barato em dólares está fazendo de maneira benigna o que seria o trabalho sujo da alta da Selic ao atrair divisas americanas. O volume de estrangeiros na B3 [bolsa de valores de São Paulo] deixa isto evidente”, completa.

O investimento estrangeiro na bolsa de valores brasileira já atingiu os R$ 64,9 bilhões de janeiro até 10 de junho deste ano. No mercado primário, formado pela soma do IPO (empresas que fazem oferta pública inicial de ações) e follow-on (empresas que já estão no mercado, mas querem renovar emissões), o resultado é de R$ 17,6 bilhões neste período. Enquanto no mercado secundário (ações negociadas entre investidores), o valor chega a R$ 47,3 bilhões.

Juros mais altos até o final do ano

O mercado financeiro prevê novos aumentos na taxa Selic até o final de 2021. “Com o aumento dos índices de inflação, existe uma expectativa de que a Selic seja reajustada para cima, buscando controlar a inflação, uma vez que juros mais altos encarecem o crédito, diminuem a quantidade de moeda em circulação e pressionam os preços dos produtos para baixo”, explica o professor de Contabilidades e Finanças da Fipecafi, Jhonatan Hoff.

Caso uma terceira onda da Covid-19 se torne uma realidade no Brasil, o cenário pode ficar ainda pior. “Isso trará um impacto na economia brasileira e também na Selic. O agravamento da crise sanitária representa impedimentos concretos ao retorno das atividades econômicas, em meio a uma economia já bastante fragilizada pela pandemia. Nesse contexto, a tendência é de que a inflação continue aumentando e, consequentemente, levará a um aumento na taxa Selic como uma medida de contenção da inflação”, comentou.

Consequências

Segundo economistas ouvidos pelo Metrópoles, o aumento dos juros provocará taxas bancárias mais elevadas, influenciando, assim, o consumo da população e os investimentos produtivos.

Outro problema previsto pelos especialistas são despesas maiores com os juros da dívida pública. O possível crescimento de 4,5 pontos na taxa Selic geraria cerca de R$ 145 bilhões a mais nas despesas com juros.

Por outro lado, as aplicações financeiras com renda fixa, como a poupança, tendem a render mais. “O aumento da Selic no cenário atual ocasionará uma remuneração maior em aplicações de renda fixa”, afirma o professor.

Ele alerta, no entanto, que a incerteza envolvida no desenrolar da crise sanitária e na retomada do crescimento econômico exige uma cautela ainda maior dos investidores.

“Aqueles que buscam retornos maiores em aplicações de renda variável devem avaliar os riscos com prudência e estabelecer medidas para a gestão desses mesmos riscos”, alertou o educador.

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