Copom: alta no preço dos alimentos deve se manter a médio prazo

Copom reforçou a necessidade de reformas estruturais e disciplina fiscal, para garantir "políticas fiscal e monetária harmoniosas"

atualizado 04/02/2025 10:19

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Frutas e legumes coloridos no mercado local. Metrópoles Getty Images

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) afirmou, nesta terça-feira (4/2), que o cenário de inflação segue “adverso”, principalmente a curto prazo. Com isso, a ata do colegiado destacou que os preços de alimentos aumentaram de forma significativa em função, entre outros fatores, da estiagem e da elevação de preços das carnes, afetada pelo ciclo do boi.

Para o colegiado do BC, o aumento dos preços dos alimentos “tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”.

“Com relação aos bens industrializados, o movimento recente do câmbio pressiona preços e margens, sugerindo maior aumento em tais componentes nos próximos meses. Por fim, a inflação de serviços, que tem maior inércia, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta em contexto de atividade dinâmica e acelerou nas observações mais recentes”, diz trecho da ata.


Entenda a situação dos juros no Brasil


Sobre a política econômica (as contas públicas), o BC afirmou que o colegiado “manteve a firme convicção de que as políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas”. “Em particular, o debate do comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”, destaca trecho da ata.

“No período recente, a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida seguiu impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas”, acrescenta.

O Copom reforçou a necessidade do governo federal ampliar o esforço de “reformas estruturais e disciplina fiscal”.  Caso contrário, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o “potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”.

A diretoria da autoridade monetária entende que a condução da política econômica dos Estados Unidos (EUA) ainda preocupa e torna o ambiente externo “desafiador”. Entre os pontos citados estão:

  • os ritmos de desaceleração e de desinflação do país; e
  • a postura do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

Meta da inflação pode ser descumprida em junho

O BC também admitiu a possibilidade de estouro da meta em 2025, no caso de as projeções do cenário de referência se concretizarem. Nesse cenário, “a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos“, ressalta o órgão.

“Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, destacou o Copom em ata.

Em 2025, a meta de inflação é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual, sendo 1,5% (piso) e 4,5% (teto). Ela será considerada cumprida se oscilar entre esse intervalo de tolerância. Nesse novo modelo, se a inflação acumulada em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.

Caso isso aconteça, o BC precisa divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária é que faz o controle da inflação, por meio da Selic, definida pelo Copom a cada 45 dias.

Copom confirma aumento nos juros em março

Além de justificar a alta da Selic feita em janeiro, o Copom antecipou a contratação de mais uma elevação da taxa de juros, de pelo menos 1 ponto percentual, na próxima reunião, marcada para os dias 18 e 19 de março.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, confirmou o BC.

Assim, os juros podem chegar a 14,25% ao ano ainda no primeiro trimestre — mesmo patamar de julho de 2015, época da crise no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Caso se confirme, este será o quinto avanço consecutivo da taxa Selic. A adoção de uma política monetária mais contracionista (isso significa o aumento dos juros) começou em setembro de 2024, quando o Copom decidiu interromper o ciclo de cortes e elevar em 0,25 ponto percentual a taxa, que passou dos então 10,50% ao ano para 10,75% ao ano.

Em contrapartida, o BC não sinalizou um fim do ciclo de aperto monetário (ou seja, aumento dos juros) após a reunião de março.

“Para além da próxima reunião, o comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”, completou.

Imagem colorida das datas das reuniões e atas do Copom em 2025 - Metrópoles
O Copom se reúne oito vezes no ano. O comitê decide, a cada 45 dias, a taxa Selic vigente

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