Relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura alegada tentativa de interferência política na Polícia Federal pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro Celso de Mello pediu na tarde desta sexta-feira (26/06) uma avaliação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre possibilidade de depoimento do chefe do executivo federal à PF.
O pedido para ouvir Bolsonaro foi feito pela delegada Christiane Correa Machado, que conduz a investigação na PF. Em ofício enviado ao decano em 19 de junho último, ela havia dito que, como as apurações já estavam “em estágio avançado”, restava apenas ouvir o presidente.
Após a PGR se manifestar, caberá a Celso de Mello decidir se autoriza o depoimento e se o presidente falará presencialmente na Polícia Federal ou terá o depoimento tomado por escrito.
Entenda
O inquérito em andamento no STF apura acusações feitas pelo ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro quando ele deixou o cargo, no último dia 24 de abril, de que o presidente tentara interferir politicamente na Polícia Federal.
Bolsonaro havia acabado de demitir o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Para o comando da corporação, o presidente indicou Alexandre Ramagem, a quem conhecera como chefe de sua segurança na campanha presidencial de 2018 e a quem nomeara para o comando Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O STF, porém, em decisão do ministro Alexandre de Moraes, barrou a indicação de Ramagem. Bolsonaro nomeou então Rolando Alexandre de Souza, braço-direito do diretor da Abin. E a primeira medida de Rolando foi trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro, cenário que Moro havia incluído em suas declarações, ao relatar que Bolsonaro lhe teria dito: “Moro, vocês 26 superintendências. Eu só quero uma”.