Casa de Vidro: CGU aponta prejuízo de R$ 362,6 mil em obra de Goiânia

Construção que demorou mais de 10 anos segue sem uso definido e gerou prejuízo, após mudanças do projeto sem o conhecimento da prefeitura

atualizado 13/04/2021 17:54

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centro cultural casa de vidro, em goiânia, goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – Uma auditoria feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) nos contratos e valores referentes à construção do Centro Cultural Casa de Vidro Antônio Poteiro, inaugurado em dezembro em Goiânia, concluiu que houve um prejuízo de R$ 362,6 mil aos cofres públicos, durante o desenvolvimento do projeto.

O valor está associado a erros de execução, demolições de estruturas prontas e serviços contratados para demolir. O órgão atribui à Prefeitura de Goiânia a culpa pelo prejuízo, “por não ter feito o acompanhamento da obra durante a execução”, diz o texto do relatório.

A Casa de Vidro foi, finalmente, inaugurada no dia 21 de dezembro, no fim da gestão do, então, prefeito Iris Rezende (MDB). A idealização do projeto, inclusive, foi da primeira-dama e ex-deputada federal, Dona Iris (MDB). O primeiro contrato de execução foi fechado em 2010, ou seja, a obra demorou 10 anos para ser concluída.

Até hoje, apesar da inauguração, o centro cultural segue sem um uso definido. Em razão da pandemia, as atividades presenciais foram proibidas e a Secretaria de Cultura de Goiânia (Secult) ainda está em fase de elaboração do planejamento de ações e atividades que envolvem o local.

Com as trocas do primeiro escalão na prefeitura, motivadas pelo rompimento do MDB com o atual prefeito, Rogério Cruz (Republicanos), que assumiu o cargo após a morte de Maguito Vilela (MDB), um novo secretário para a pasta foi nomeado e tomou posse na sexta-feira (9/4). Trata-se do ex-vereador Zander Fábio.

O Metrópoles entrou em contato nessa segunda-feira (12/4) com a prefeitura e também com a assessoria do ex-prefeito Iris Rezende. Até o momento, não houve um posicionamento sobre os aspectos apontados pela CGU.

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Valor do prejuízo é referente à demolição de estrutura já pronta, que teve de ser destruída após alteração do projeto e do serviço contratado para fazer a demolição
Casa de Vidro leva o nome do pintor Antônio Poteiro e segue sem uso definido, devido à pandemia
Secretaria de Cultura de Goiânia está em fase de elaboração do plano de estratégias e ações para o local
Centro Cultural Casa de Vidro foi construído em três pavimentos em uma área de 2.305,45 m²
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CGU atesta prejuízo de R$ 362,6 mil aos cofres públicos, decorrentes de mudanças e alterações do projeto da obra da Casa de Vidro, centro cultural de Goiânia

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Valor do prejuízo é referente à demolição de estrutura já pronta, que teve de ser destruída após alteração do projeto e do serviço contratado para fazer a demolição

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Casa de Vidro leva o nome do pintor Antônio Poteiro e segue sem uso definido, devido à pandemia

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Secretaria de Cultura de Goiânia está em fase de elaboração do plano de estratégias e ações para o local

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Centro Cultural Casa de Vidro foi construído em três pavimentos em uma área de 2.305,45 m²

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Valores

O valor do prejuízo, segundo os dados do relatório da Controladoria-Geral da União, é composto por duas partes. Uma delas, de R$ 199,7 mil, diz respeito ao equivalente do que foi gasto com a fundação inicial da obra e que precisou ser desfeita, após mudança do projeto.

“Configura prejuízo aos cofres municipais devido à inaproveitabilidade de serviços executados no âmbito do contrato  nº 148/2010, celebrado com a Construtora FR Incorporadora Ltda.”, concluiu a auditoria.

A outra parte refere-se ao aditivo que foi feito no segundo contrato para dar continuidade à obra, em 2018, após  período de paralisação. O valor de R$ 162.935,65 foi gasto em novos serviços de demolição de pilares, lajes, vigas, fundações e retirada de entulhos.

É dito no relatório que, em manifestação preliminar, a prefeitura informou que a alteração do projeto da obra foi executada sem o conhecimento da Secretaria de Infraestrutura Urbana e da gerência responsável, na época. A CGU entendeu, portanto, a partir das regras da Lei de Licitações e Contratos Públicos que houve omissão da gestão.

A Lei nº 8.666 determina que a execução do contrato deve ser acompanhada e fiscalizada por um representante da administração. E esse deve anotar em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário para a regularização das falhas e defeitos observados.

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Em resposta preliminar à auditoria feita pela CGU, a prefeitura informou que as alterações foram feitas sem o conhecimento da Seinfra e da gerência responsável
O Centro Cultural Casa de Vidro foi idealizado pela ex-primeira-dama de Goiânia e ex-deputada federal, Dona Iris (MDB)
Uma das partes do Centro Cultural é um salão de exposições. Ele tem, ainda, uma sala para atividades de imersão, sala multiuso, auditório para 216 pessoas com palco e outros
Atividades presenciais no local estão comprometidas em razão da pandemia da Covid-19
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CGU entende que houve culpa da prefeitura de Goiânia no prejuízo da obra, pois não foi feito o acompanhamento e fiscalização devida da execução do projeto

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Em resposta preliminar à auditoria feita pela CGU, a prefeitura informou que as alterações foram feitas sem o conhecimento da Seinfra e da gerência responsável

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O Centro Cultural Casa de Vidro foi idealizado pela ex-primeira-dama de Goiânia e ex-deputada federal, Dona Iris (MDB)

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Uma das partes do Centro Cultural é um salão de exposições. Ele tem, ainda, uma sala para atividades de imersão, sala multiuso, auditório para 216 pessoas com palco e outros

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Atividades presenciais no local estão comprometidas em razão da pandemia da Covid-19

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Recurso federal

A obra da Casa de Vidro tornou-se objeto de auditoria da CGU por ter sido feita mediante convênio fechado entre a União e a prefeitura, por intermédio do Ministério do Turismo. Parte dos recursos utilizados, portanto, é de origem federal.

O relatório deixa claro que o montante em que houve prejuízo saiu dos cofres da prefeitura. Nos demais contratos e valores apresentados, referentes ao projeto, não foram constatados sinais de mau uso do dinheiro público. Os preços dos serviços contratados, inclusive, foram considerados compatíveis com a realidade.

O convênio foi firmado em novembro de 2008. O valor inicial do projeto era de R$ 3,25 milhões, sendo R$ 2.925.000,00 de repasse e R$ 325.000,00 de contrapartida financeira do município. Ao final, o investimento total alcançou mais de R$ 5,1 milhões.

Esse total é composto por R$ 2.925.000,00 do repasse feito via convênio, mais R$ 279.710,02 de contrapartida física e R$ 1.969.695,56 de contrapartida financeira do município.

18 meses de atraso

Com o contrato firmado em 2018 para dar continuidade à obra, após a paralisação em decorrência de erros de execução e mudanças no projeto, a informação oficial era de que a construção seria feita em um período de nove meses.

Passado esse período, apenas 36,39% dos serviços tinham sido executados pela nova construtora à frente da obra, Geo Engenharia. A obra foi concluída em dezembro, 27 meses, após o início, ou seja, com 18 meses de atraso e 98,61% concluídos.

“Esse atraso foi devido, em sua maior parte, à demora na aprovação, por parte do município, do aditivo solicitado pela empresa Geo Engenharia para demolir os itens estruturais executados pela primeira empresa, FR Construtora”, pontua a auditoria.

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