Caixas misteriosas no litoral nordestino são de navio naufragado

O material pertence a um navio alemão torpedeado por tropas americanas próximo a Recife, em janeiro de 1944, durante a 2ª Guerra Mundial

atualizado 11/10/2019 15:34

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Divulgação/ Instituto Biota de Conservação

Ao mesmo tempo em que buscavam decifrar as causas do derramamento de óleo que atinge a costa da região Nordeste, pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) descobriram que as centenas de caixas de borracha encontradas nas praias desde o ano passado pertenciam a um navio alemão abatido em 1944.

Há um ano as caixas de borracha começaram a aparecer misteriosamente no litoral nordestino. Desde então, centenas delas – pelo menos 200 – foram encontradas do Norte da Bahia ao Maranhão. Em março, elas surgiram na costa cearense.

Agora, os materiais que tanto despertaram a curiosidade da população, tiveram a origem identificada por três pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará.

O material pertence a um navio da Alemanha torpedeado por tropas americanas próximo a Recife, em Pernambuco, em janeiro de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Os pesquisadores identificaram inscrições em alemão numa placa metálica em um das caixas encontradas numa praia de Itarema, município localizado a cerca de 200 quilômetros de Fortaleza. Foi a partir daí que uma pesquisa histórica elucidou o enigma.

“Conseguimos identificar um cargueiro, chamado Rio Grande, num banco de dados americano sobre naufrágios no Atlântico Sul durante a Segunda Guerra. Esse cargueiro transportava principalmente fardos de borracha bruta”, explica o oceanógrafo físico Carlos Teixeira, um dos responsáveis pela pesquisa.

Para ratificar o levantamento histórico, os pesquisadores fizeram então uma simulação numérica computadorizada. Pelo método, são liberadas partículas a partir do lugar onde o navio afundou. O resultado mostra que as partículas chegam exatamente ao litoral nordestino, reforçando a tese de que a antiga embarcação é a fonte das caixas vistas em várias praias desde o fim de 2018.

Alguns fatores como direção das correntes marítimas, temperatura, salinidade e ventos foram considerados na simulação, que permitiu saber de onde os materiais vêm e para onde estão sendo transportados pela correntes.

O navio civil, construído em 1939, foi afundado em janeiro de 1944, após deixar a capital pernambucana no dia 2 de janeiro daquele ano fugindo do bloqueio naval imposto pela marinha americana. Após abatido, os sobreviventes conseguiram sair em pequenos botes rumo a Fortaleza, onde foram presos na 10ª Região Militar. A embarcação foi encontrada somente em 1996, a cerca de 5.700 metros de profundidade.

A relação dos fardos de borracha oriundos do naufrágio com as recentes manchas de óleo que atingem o litoral nordestino está descartada, no momento. “O petróleo cru encontrado nas últimas semanas é um óleo considerado novo e não proveniente de uma embarcação que naufragou há tantas décadas”, afirma Teixeira.

Mesmo assim, os pesquisadores cearenses vão enviar, na próxima semana, amostras de óleo das praias cearenses para o Instituto Oceanográfico de Woods Hole, nos Estados Unidos. A análise da composição vai comprovar se o óleo, de fato, pertence a uma extração recente.

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