O Brasil aparece duas vezes no estudo feito pela revista científica Science, que revela quais áreas de megasseca – ou seja, regiões onde a escassez de água dura ao menos dois anos – estão mais frequentes por todo o mundo. O fenômeno tem gerado efeitos devastadores nas últimas quatro décadas.
A pesquisa inédita examinou dados de 1970 a 2018, mostrando mais de 13 mil eventos de megasseca durante o período. Tal tendência foi confirmada pelo último relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o qual aponta, também, para a intensificação de fenômenos de seca no Brasil.
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado condições climáticas extremas, a exemplo da megasseca de 2024, que afetou quase 60% do território nacional, a mais intensa e generalizada da história do Brasil. As megassecas são intensificadas por aquecimento global, deflorestação e eventos climáticos naturais, como o El Niño.
Segundo o levantamento, no Brasil, a seca impacta com maior intensidade as regiões da Amazônia e do Pantanal. Esta região, em 2023, registrou redução de 61% na área coberta por água em comparação com a média histórica desde 1985, virando um dos biomas mais afetados.
No caso da Amazônia, a região viveu o recorde da seca em 2023, agravado em 2024, com o aumento de 2.000% na área afetada por seca extrema.
Regiões brasileiras mais atingidas
Segundo a pesquisa, a região brasileira mais atingida é a chamada Amazônia Sul-Ocidental, que abrange parte estados como Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, além de porções da Bolívia e do Peru. A área enfrentou uma megasseca devastadora entre 2010 e 2018, a sétima mais grave do mundo no período estudado.
A segunda é a região leste do Brasil, apontada, pelo levantamento, como a nona megasseca mais severa do mundo. Ela aconteceu entre 2014 e 2017, afetando principalmente os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.