A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) criticaram o presidente Jair Bolsonaro (PSL) após ele compartilhar uma notícia que teria sido manipulada. As entidades consideraram a atitude como um “ataque público à imprensa”. O chefe do Executivo replicou uma matéria no Twitter que atribui à jornalista Constança Rezende, do jornal O Estado de S. Paulo, a intenção de “arruinar Flávio Bolsonaro e o governo”.
As entidades consideraram que a publicação “abala um dos pilares da democracia, a existência de uma imprensa livre e crítica”. “Isso mostra não apenas descompromisso com a veracidade dos fatos, o que em si já seria grave mas também o uso de sua posição de poder para tentar intimidar veículos de mídia e jornalistas, uma atitude incompatível com seu discurso de defesa da liberdade de expressão”, destaca o comunicado.
O texto ainda lamenta os ataques que Constança e seus familiares sofreram. “Como é comum nesse tipo de ataque, a família de Constança também virou alvo. O grave nesse episódio é que o próprio presidente instigou esse comportamento, ao citar como indício de suposta conspiração que Constança é filha de um jornalista de O Globo”, destaca o texto.
A OAB e a Abraji saíram em defesa do exercício da profissão. “Profissionais atacados por fazer seu trabalho terão sempre nosso apoio”, conclui a mensagem, ao dizer que a publicação de Bolsonaro alimenta “a narrativa governista de que a imprensa mente quando se refere às investigações sobre as movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro”.
Constança Rezende, do “O Estado de SP” diz querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o Impeachment do Presidente Jair Bolsonaro. Ela é filha de Chico Otavio, profissional do “O Globo”. Querem derrubar o Governo, com chantagens, desinformações e vazamentos. pic.twitter.com/1iskN3Az2F
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 10 de março de 2019
Áudio
A suposta declaração da repórter teria sido feita em uma conversa sobre a cobertura das movimentações suspeitas de Fabrício Queiroz, ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Ele é investigado pelo núcleo de combate à corrupção do Ministério Público Federal.
O áudio compartilhado foi manipulado. As frases foram retiradas de uma conversa que Constança teve com um estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre Donald Trump e Jair Bolsonaro.