Goiânia – Uma aeronave que está no nome de João Teixeira de Faria, o João de Deus, teve um pouso forçado na manhã desta sexta-feira (9/4), no aeródromo de Goiânia.
O motivo teria sido um problema no trem de pouso do avião Seneca II, prefixo PT-RCC. Apenas o piloto estava na aeronave e saiu ileso, sem ferimentos. A aeronave pousou “de barriga” e chegou a deslizar pela pista.
A situação trouxe à tona a possibilidade de o avião estar sendo utilizado mesmo com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido.
Segundo os dados do portal da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião, que faz parte do patrimônio milionário acumulado por João de Deus, está com a documentação vencida desde 9 de novembro de 2019.
Silêncio
O Metrópoles procurou o advogado responsável pela defesa processual do ex-médium, Anderson Van Gualberto de Mendonça, mas ele informou que não teria nada a declarar sobre o assunto.
No aeródromo de Goiânia, a orientação dada aos funcionários foi para que nada fosse comentado a respeito. Segundo o registro, o avião tem ano de fabricação de 1980 e foi comprado por João de Deus em janeiro de 2006.
A aquisição dele foi descoberta após as investigações sobre as centenas de denúncias de abuso sexual cometidas pelo ex-médium, que atendia na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO).
A apuração levantou o patrimônio de João de Deus e descobriu não só o avião, mas fazendas, casas, carros, armas e até mala de dinheiro escondida no porão de sua residência, em Anápolis, a 55 Km de Goiânia.
Prisão domiciliar
No dia 30 de março deste ano, completou um ano que João Teixeira de Faria está em prisão domiciliar. Por questões de saúde e quadro de vulnerabilidade, em razão da pandemia, a Justiça acatou pedido da defesa apresentado no ano passado.
As regras da prisão domiciliar proíbem a saída dele de Anápolis, somente em situações com autorização judicial. Ele é monitorado por tornozeleira eletrônica e precisou entregar o passaporte à Justiça.
As primeiras denúncias de abusos cometidos por ele surgiram em dezembro de 2018. Mais de dois anos depois, o Ministério Público de Goiás (MPGO) ainda é procurado por vítimas, conforme mostrou o Metrópoles, recentemente.
Duas mulheres, uma de Minas Gerais e outra de São Paulo, entraram em contato com os promotores no final de março para registrarem denúncia contra ele.
João de Deus já foi condenado a mais de 62 anos de prisão, em três processos. Algumas denúncias ainda não foram oferecidas à Justiça. Só na Comarca de Abadiânia, existem, pelo menos, 10 ações em andamento, das quais ele é réu.
Veja as condenações de João de Deus:
1ª – Processo referente a posse ilegal de arma de fogo e posse de arma de uso restrito: 3 anos de reclusão (aguarda julgamento em segundo grau);
2ª – Processo referente a crime de violação sexual e estupro de vulnerável: 19 anos e 4 meses de reclusão (também em fase de recurso no Tribunal de Justiça de Goiás);
3ª – Processo referente a estupros cometidos contra cinco mulheres: 40 anos de reclusão (também em fase de recurso);